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Brasileiro tem medo de transgênico, diz pesquisa do Ibope Conecta

Cenário foi mostrado por uma pesquisa que coletou pela internet as respostas de 2.011 pessoas

Por UOL - Folha de São Paulo 24/08/2016 08h08
Brasileiro tem medo de transgênico, diz pesquisa do Ibope Conecta
- Foto: Reuters

Ao ouvir a palavra "transgênicos", algumas pessoas sentem calafrios, e mesmo quem gosta de ciência e biotecnologia tem um pé atrás com os organismos geneticamente modificados.

O cenário foi mostrado por uma pesquisa do Ibope Conecta, que coletou pela internet as respostas de 2.011 pessoas, de todas as regiões do país, das classes A, B e C e que não trabalham com biotecnologia e áreas correlatas. A pesquisa foi encomendada pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

A maioria (cerca de 80%) gosta de ciência e soube responder o que são transgênicos, mas 33% acham que consumi-los pode fazer mal. Isso apesar da pesquisa publicada em maio pela Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA que concluiu, após analisar mais de mil estudos, que os organismos geneticamente modificados, existentes desde a década de 1970, não só não trazem riscos à saúde como, se usados corretamente, propiciam benefícios para agricultores e ambiente.

Os pesquisadores não encontraram qualquer evidência de que esses organismos tiveram impacto sobre as prevalências de câncer, obesidade, diabetes, autismo, doença celíaca ou alergias. Não é claro, no entanto, se a tecnologia realmente aumenta a produtividade da agricultura.

Para Adriana Brondani, diretora-executiva do CIB, "houve uma falha de comunicação do agronegócio, dos cientista e da sociedade". "A propaganda contrária ganha aderência porque há um hiato de conhecimento da população, por causa da falta de informação", diz.

A pesquisa mostra que as pessoas nem sabem quais são as plantas transgênicos cultivadas no país –soja, algodão e milho, principalmente. Só 11% acertaram a combinação. O motivo de tão poucas espécies é a rentabilidade de cada uma delas, explica a professora Maria Lúcia Vieira, professora titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP.

"É igual à indústria automobilística. Se não tiver lucro, não vende. Por isso há poucos e a área plantada é tão grande. Também há uma vantagem para o agricultor, que planta a semente da planta transgênica e depois passa o herbicida –o mato morre e a planta de lavoura, não", diz.