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Seguro de vida não é contratado por desinformação e se revela promissor para o mercado segurador

Proteção é negligenciada às profissões de risco e pode ?salvar? famílias de apertos financeiros

Por Anne Caroline Bomfim 27/08/2016 11h11
Seguro de vida não é contratado por desinformação e se revela promissor para o mercado segurador
- Foto: Divulgação

Disconal (Corretora de Seguros)

Em tempos de arroxo financeiro, o consumidor pensa duas vezes antes de adquirir um produto ou serviço. Entretanto, uma proteção que sempre esteve presente na vida das pessoas mais cautelosas é o seguro. Para muitos, ele é visto como uma “despesa”. Mas, na realidade, o mercado nunca esteve tão em alta e a necessidade vocacionada à estabilidade é crescente.

O seguro para automóveis talvez seja um dos mais populares. Uma modalidade que cresce, mesmo que de maneira tímida, mas consistente, é o seguro de vida, isso porque, dentre outros inúmeros fatores, a expectativa do brasileiro aumentou, assim como a promoção de alternativas para a população que garantam segurança, bem-estar e maturidade. Para muitos, no entanto, lidar com a possibilidade da própria morte é inimaginável. O produto, então, deixa de ser contratado por desinformação.

Uma série de mitos ainda afasta o alagoano desse tipo de seguro. A modalidade, no entanto, se revela promissora para os profissionais da área e também “salva” famílias de eventuais apertos financeiros. Patrícia Lima passou por dificuldades após o falecimento do seu pai, há três meses. O aposentado José Souza, 61, era o principal gestor financeiro da família e, sem seguro de vida ou qualquer outro tipo de suporte, ela precisou mudar radicalmente os hábitos para poder conseguir sobreviver. Souza morreu no dia 21 de maio deste ano vítima de uma cirrose hepática. De lá para cá, muita coisa mudou.

“Até hoje é difícil lidar com a perda do meu pai. Financeiramente, foi um baque para mim e para toda a minha família. Não consigo nem acreditar. Atualmente, estou desempregada porque precisei pedir demissão do trabalho para poder cuidar do meu pai, que passou um bom tempo internado no hospital”, contou. Hoje em dia, ela e sua mãe, agora viúva, buscam meios alternativos para poder viver.

José era concursado do Estado e, segundo ela, pagava R$91,37 centavos por mês por um auxílio funeral no valor de mil reais. Entretanto, esse montante só caiu na conta da família mais de dois meses depois do ocorrido. A fim de realizar o cortejo, os parentes mais próximos precisaram adquirir dívidas porque não possuíam nenhuma poupança de reserva ou proteção. “Meu pai, no mesmo dia de morrer, me orientou e disse que tínhamos direito a esse valor. Mas seguro de vida, ele nunca comentou, não tinha mesmo. Acredito que se ele tivesse ajudaria muito. Ficaríamos mais aliviados”, avaliou.

Apesar de carecer de números estatísticos estaduais ou até mesmo regionais, dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) mostram que, no primeiro semestre de 2016, o setor Segurador retornou R$61, bilhões à sociedade e progrediu de 3,6% para 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A arrecadação total no período foi de R$113,9 bilhões em seis meses. Com relação a indenizações, benefícios, resgates e sorteios de capitalização, as empresas obtiveram uma variação nominal positiva de 14,3%.

Já o último relatório de análise e acompanhamento dos Mercados Supervisionados de 2015, vinculado à Comissão de Estudos e Desenvolvimento (CED) da Superintendência de Seguros Privados (Susep), aponta que o seguro de vida está inserido numa fatia considerável e relevante que compreende todo o mercado. “Em 2003, o segmento de seguros de automóveis era o que apresentava o maior volume de prêmios, enquanto que, em 2008, o segmento predominante já era o VGBL, produto de acumulação de recursos, inserido no âmbito do seguro de pessoas. Essa tendência se mostrou mais acentuada em 2014, com participação ainda maior do VGBL, o qual, associado a outros ramos de seguros de pessoas, tais como os seguros prestamista, de acidentes pessoais e de vida em grupo, passou a representar mais de 60% de todo o mercado”. 

Cícero José é corretor de seguros há 14 anos e também é proprietário de uma empresa que atua no mercado desde 2002. Para ele, esse nicho ainda é pouco explorado no estado, mas vêm se popularizando em outras regiões do país, apesar da pouca divulgação. “Ele é um complemento financeiro. As pessoas, e as próprias empresas, precisam compreender que essa necessidade realmente existe”, falou.

Já na visão do corretor Djailton Almeida, as pessoas veem o seguro de vida como “última opção” e só o fazem em casos de acordo coletivo que impulsionam a obrigatoriedade. O profissional ressalta, também, que ele próprio possui seguro porque entende que precisa difundir mais essa ideia tanto no meio profissional quanto no aspecto social. “Considero o seguro de vida como um seguro de proteção financeira, porque ele vai mais além. Eu indicaria esse tipo de seguro a todos, mas principalmente àqueles que possuem profissões de risco e que precisam de uma garantia a mais, seja essa pessoa médica, advogada ou até mesmo policial”, falou.

Pare ele, a sociedade precisa ficar mais bem informada a respeito dessa modalidade e também precisa desmitificar a ideia de que um seguro é dispendioso. “Não é. Tudo depende do pacote aderido. Uma pessoa interessada pode adquirir o seguro, para um estagiário por exemplo, por R$ 2 reais ao mês. É um valor irrisório se consideramos os benefícios futuros”.

Como funciona

A maioria das seguradoras limita o capital do segurado e o valor da indenização em caso de sinistro é variável e depende do pacote aderido. O corretor explica que o interessado pode contratar a cobertura que desejar, a depender da necessidade individual ou empresarial. Os pacotes podem variar e não possuem preço fixo estabelecido. O corretor Cícero José explica, todavia, que, ao contratar o benefício, muitas pessoas se confundem e acreditam que seguro de vida e seguro de acidentes pessoais é a mesma coisa. Mas existem diferenças: o primeiro oferece cobertura mais ampla e pode cobrir desde morte, até assistência funerária, oferta de cestas básicas e incapacidade laboral fruto de alguma doença. Já o segundo, indeniza apenas em casos de acidentes de trabalho.

O profissional esclarece que o pacote é mensurado de acordo com a faixa etária. As companhias, no entanto, já possuem tabelas confeccionadas com prováveis valores em alguns casos. “Tudo depende da faixa etária do interessado. Quanto mais velho o segurado é, mais caro será o seguro porque entendemos que o risco aumenta com o passar dos anos”. 

Segundo o empresário, as pessoas precisam ficar mais motivadas a adquirirem o serviço já que o benefício pode ajudá-las nos casos em que elas mais precisarem, principalmente no contexto familiar, aonde o pai ou a mãe é o principal provedor da família. “De repente, o profissional que sai para trabalhar não volta mais. É uma questão de conscientização. A peça mais importante da família são os pais. E se você perguntar para uma criança sobre isso? O que ela vai sentir mais falta? Um carro novo que a família perdeu ou o pai dela? Ela não vai pensar duas vezes. É nesse contexto que o seguro de vida atua. Se você vier a falecer amanhã, você fará falta a seus filhos? É uma pergunta básica”, ressaltou. 


 

Edmilson Ribeiro é presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas (Sincor/AL). Segundo ele, as perspectivas para a modalidade “Vida” são as melhores possíveis e possuem boas chances de crescimento e popularização em anos futuros, assim o seguro de responsabilidade civil. Uma decisão marcante que ilustra a importância do seguro de vida é que, atualmente, empresas do ramo da construção civil são obrigadas a contratar seguros para protegerem os seus funcionários. Em Alagoas, dados do Sindicato apontam que 26 mil trabalhadores do ramo já estão protegidos.

“Você tem que deixar o seu beneficiário bem de vida. Aqueles que têm filhos e esposa, por exemplo, precisam, de alguma forma, amparar as suas famílias”, resumiu ele, ao lembrar que o estado desponta no mercado nacional com a criação de uma seguradora alagoana que vai ofertar seguros a preços populares.

Profissionalização do corretor

Na visão do presidente, o que realmente falta é profissionalização para lidar com um produto tão específico. “Quem não conhece, não vende. Essa é a realidade. O corretor tem que se preparar para vender. Quem optar por comercializar o seguro de vida terá um campo vasto pela frente. É algo estratégico. É preciso analisar o seu público-alvo e identificar o que ele realmente precisa”. “Seguro de vida é a saída para o corretor de seguros. É preciso se aperfeiçoar mais. Se o profissional não é especialista em seguro de vida, ele precisa ser”, reforçou. 

 “Precisaria haver um aperfeiçoamento coletivo. Na prática, você vai se surpreender com muitas coisas, apesar de estar legalmente habilitado. O seguro de vida é um produto que poderia ser rentável para o corretor se fosse bem trabalhado e divulgado. Vale a pena mergulhar nesse universo e comercializá-lo”, concordou o corretor Cícero José. 

O presidente do Sincor/AL acredita que o mais importante é contratar um corretor de seguro habilitado para fazer a melhor escolha. “É bom para a sociedade, é bom para o cliente e para a própria profissão”, resumiu.

Profissões de risco ficam desamparadas

Dentro de um contexto funcional, aquelas pessoas que possuem profissões de risco talvez sejam as mais necessitadas, isso porque, o risco de sinistro é eminente. Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados quer tornar obrigatória a contratação de seguro de vida por parte do poder público para bombeiros, militares, policiais civis, policiais federais e policiais rodoviários federais. Segundo a proposta, o seguro seria obrigatório sempre que o risco de morte ou invalidez tenha relação direta com o trabalho realizado. Nesse caso, fica a cargo do Executivo a responsabilidade de regulamentação da proposta, que ainda não foi discutida.

Atualmente, alguns sindicatos possuem convênio com empresas que oferecem seguro de vida, mas os casos são raros. O desinteresse parte tanto do profissional quanto do Estado. Edeilto Gomes é policial civil há 27 anos e é vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol). Ele afirma que a profissão nunca esteve tão desvalorizada e que a categoria sofre riscos constantes. 

“O policial não pode resolver os problemas do mundo, nem o seu próprio problema. Estamos amarrados. Na maioria das vezes, a gente trabalha apenas por amor. Recentemente, o governador falou à imprensa que a nossa categoria não é uma profissão de risco. O interessante é que precisamos de equipamentos que possam garantir a nossa vida diante de um confronto, por exemplo”, pontuou. 

Segundo ele, se ocorrer morte em serviço, a família do agente recebe apenas um valor de R$20 mil reais que não seria suficiente para abarcar todas as despesas e prejuízos decorrentes da fatalidade. Esse montante, no entanto, não é atualizado e permanece defasado há alguns anos. “Essas pessoas morrem lutando, tentando salvar a própria vida. Eu vejo como absurda esse tipo de situação. São companheiros que morreram e a família enlutada passa a sofrer brutalmente porque reduz consideravelmente a renda financeira”, expôs. O deputado estadual Francisco Tenório (PMN) é autor da lei que cria o seguro de vida para os policiais alagoanos. O projeto, entretanto, nunca vingou e espera ser regulamentado sem data para acontecer.

Casos reais

O vice-presidente do sindicato lembrou casos de mortes de policiais em serviço. Na maioria das situações, as famílias sofrem até hoje com a perda e travam uma verdadeira luta para receber as indenizações às quais tem direito. Além disso, por desconhecimento e também por desinteresse, esses profissionais não optam por contratar seguros de vida privados ainda em exercício. O policial Anderson Lima morreu em 2009 após ser baleado na cabeça durante assalto a uma agência bancária no Centro de Maceió. Ele tentou impedir a fuga dos bandidos e foi brutalmente assassinado. À época, a família da vítima recebeu cerca de R$2.500 reais de subsídio, sendo que o salário do profissional era o dobro desse mesmo valor. Outro caso emblemático aconteceu em 2012, quando a policial Maria Amélia Dantas morreu soterrada dentro da sede da Delegacia de Recursos Especiais do Tigre, em Maceió, depois de uma explosão. 

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“A família desses profissionais estão aí, a ver navios. Infelizmente. A dinâmica de um policial é muito complicada. É conflitante viver em um estado onde os governantes não valorizam a Segurança Pública. O seguro de vida precisa passar pelo crivo da Corregedoria, que, na maioria das vezes, é altamente contrária à oferta do benefício. Estamos procurando os meios legais para coibir isso e tornar o processo mais célere. Quando se nega um seguro para o policial, você não está punindo ele, está punindo toda uma família”. 

O próprio vice-presidente do Sindpol, que chegou a trabalhar 18 anos como agente de polícia em cidades do interior, passou por situações conflitantes. Ele recorda duas ocorrências marcantes. “Estava na Feira do Passarinho e, durante um plantão, me deparei com um homem armado e iniciei perseguição. Acho que foi uma das únicas vezes da minha carreira que deflagrei tiros. Outra vez, em São Brás, me deparei com um ladrão em uma moto. Armei uma tocaia para o camarada e aí rolou tiroteio”, disse. 

Kelly Amorim é da Corregedoria da Polícia Civil de Alagoas e nega que a análise dos processos é demorada. Ela explica que é preciso, antes de tudo, analisar o “nexo causal” da morte – vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido - e apurar quais as circunstâncias que o servidor morreu. Após o parecer, ele é liberado e segue para o Conselho Superior da Polícia Civil. 

“Já aconteceram casos onde a oferta da indenização não tinha cabimento, de pessoas que estavam envolvidas em crimes ou pequenos delitos e que morreram, mas não estavam exercendo as suas atividades. É preciso analisar a causalidade do fato, não tem como o Estado arcar com isso”, ponderou. Ela ressaltou, também, que segue estritamente determinação legal, expressa por meio de legislação específica. “Cada situação tem suas peculiaridades. Às vezes, o processo pode demorar porque o inquérito não foi concluído no âmbito criminal, mas essa não é a regra”.

Desinformação

Os profissionais de risco acreditam, em sua maioria, que adquirir seguro de vida pode não ser tão eficiente e dispendioso. Essa realidade, no entanto, está mudando e a adesão a esse tipo de modalidade pode salvar famílias de apertos financeiros e outras situações inesperadas. Além da própria morte, o pacote também pode cobrir invalidez e doenças laborais, que, segundo o policial civil, se tornam cada vez mais comuns.

“As doenças que acometem a categoria são diversas, desde alcoolismo, até diabetes, hipertensão e até mal de Parkinson. Essas doenças são fruto da nossa qualidade de vida, que é péssima”, frisou. Em 2013, o sindicato chegou a firmar um convênio com duas empresas que ofertavam seguros de vida para a categoria, mas o projeto não foi à frente porque não houve a adesão esperada. 

Seguro de vida individual 

Um estudo publicado pela Escola Nacional de Seguros, que promove o aperfeiçoamento do mercado segurador por meio da disseminação do ensino, pesquisa e divulgação, revelou que o seguro de vida é um tema “de grande interesse para o futuro do mercado nacional”. A arrecadação desse tipo de seguro nos Estados Unidos chega a 0,5% do PIB do país. Já no Brasil, o valor é de 0,12%. Os dados foram adquiridos por pesquisa e publicados por meio de revista por Francisco Galiza, mestre em Economia e consultor de sucesso no mercado de seguros. Para estimular o setor, segundo ele, é necessário: novos produtos, tomando como referência parâmetros internacionais, desenvolvimento de cultura e canais de vendas mais agressivos. 

“É preciso ressaltar que esse mercado é muito mais do que ‘poupança com ganho fiscal’, como pode ser interpretado de forma errada por muitos consumidores (...), ou seja, precisa haver regras estáveis para o seu desenvolvimento, crescimento econômico do país, mercado de capitais eficiente, melhor distribuição de renda, interesse do Estado em seu desenvolvimento, entre outros”, expôs.

Seguro de vida resgatável cresceu 37,6% até maio

Com a possibilidade de resgatar parte do dinheiro investido, o seguro de vida resgatável registrou números animadores no primeiro semestre de 2016. O valor pago por segurados por esse tipo de produto cresceu 37,6% no ano até maio, em relação ao mesmo período de 2015. Segundo especialistas da área, abrir mão da cobertura não é um problema porque, ao longo dos anos, a expectativa é de que a família forme patrimônio e diminua a dependência da proteção do seguro em caso de morte. A rentabilidade do seguro é de 3% ao ano mais a inflação acumulada no período. Para adquirir mais informações a respeito dessa modalidade, acesse o link: http://7segundos.ne10.uol.com.br/maceio/noticia/geral/27/08/2016/69111/seguro-de-vida-com-resgate-cresce-no-mercado

 Adesão e vantagens

Leila Silva, 53, é aposentada há seis anos e aderiu ao seguro de vida para proteger a sua família em caso de morte ou doença, principalmente os dois filhos, que à época, dependiam dela financeiramente. “Contratei o pacote há cinco anos. Resolvi fazer o seguro para proteger os meus filhos porque queria garantir um alívio financeiro se algo de ruim acontecesse comigo ou em algum caso de extrema necessidade”, resumiu ela.

Confira, abaixo, as principais vantagens de contratar um seguro de vida:

• Substitui a sua renda no orçamento familiar durante um determinado período;
• Custeia algumas despesas inevitáveis, como os impostos sobre a herança e custos de funeral e sepultamento;
• Protege o patrimônio familiar, ajudando a pagar prestações de longo prazo de imóveis ou automóveis;
• Continua algumas das tarefas desenvolvidas por você, como financiar o cuidado de um familiar mais velho ou de uma criança;
• Garante os recursos para os estudos dos filhos;
• Garante os recursos para complementar a própria aposentadoria, se ficar impossibilitado de trabalhar. (Fonte: Icatu Seguros)