Folia? Jovens buscam retiros espirituais e acampamentos para curtir o carnaval
Faltam apenas quatro dias para a maior festa popular do Brasil: o Carnaval. Há quem desfrute dos blocos de rua, dos frevos, dos trio elétricos e das fantasias programadas para os dias mais aguardados do ano por muitos brasileiros. Mas se não é pela folia, a festifividade momesca é também esperada para aqueles que simplesmente querem tranquilidade, paz espiritual e muito contato com a natureza.
Os retiros e acampamentos se tornaram referências para quem quer ficar longe do barulho e da multidão. Há quem frequenta os encontros espirituais há dez anos, há quem vai pela primeira vez, há quem sempre curtiu o carnaval, mas agora prefere relaxar e há aqueles que não dispensam o encontro com o mar, o rio, uma cachoeira em meio à fogueira e um luau. A verdade, é que neste período, não importa onde, todos se divertem.
A estudante de jornalismo, Marcelle Limeira, 23 anos, está entre os que vão para o retiro nos quatro dias do carnaval. Ela irá para o Retiro Espiritual da União da Mocidade da Assembleia de Deus do Farol (REUMADF), que será realizado em um hotel, na cidade de Viçosa, Zona da Mata alagoana.
A estudante conta que vai com o pai, a mãe e as irmãs, participar de uma programação de cultos, brincadeiras, campeonatos e muita interação com os jovens da igreja e de outras congregações.
Há sete anos Marcelle frequenta os retiros da Assembleia. “Agora vai ser diferente para mim, porque além de participar como acampante, irei também como equipante, ou seja, também estou participando da equipe de organização”, conta.
Ela acrescenta por que os retiros são sempre sua primeira opção neste período. “Nas pregações sempre temos um pastor de fora e essa parte é muito importante, porque a gente sai de um ambiente de igreja que está acostumado, e vai para um momento mais íntimo com Deus e com nossos irmãos. São quatro dias bem intensos que a gente se fortalece espiritualmente porque está ouvindo a pregação e sentindo a presença de Deus”.
O coordenador-geral do retiro da Assembleia de Deus do Farol, Rodrigo Moreira tem 37 anos, e conta que há dez anos frequenta os retiros da congregação. Ele afirma que para este ano há leitos no hotel em Viçosa para 180 jovens, e tods já ocupados, mas há lista de reserva, caso alguém desista de ir.
“Nós estamos levando a capacidade de leitos do hotel que é de 180 pessoas, e as vagas já se esgotaram há uma semana. Particularmente esse ano houve uma boa procura, mas ficamos limitados, devido a capacidade do hotel. Esse ano será "Brecha em Nossa Santidade". E todos os anos temos um pastor que nos instrui em cima da temática proposta. Em 2017 será o Pastor Gunar Berg, de São Paulo”, explica o coordenador.
Beatriz Mayra
A estudante de História e Licenciatura, Beatriz Mayra, 25 anos, decidiu ir para um retiro e esta será a sua primeira vez depois de frequentar diversos carnavais tradicionais, como o de Pernambuco, e os famosos blocos das Pecinhas e Jaraguá Folia em Maceió.
“Esse ano a opção é tranquilidade, paz e retiro”, afirma a estudante, natural da cidade de Sorriso, em Mato Grosso, no Centro-Oeste do Brasil. “Eu venho de uma cidade que o carnaval não é popular. De uns três anos para cá eu curtia muito o carnaval no Nordeste, mas esse ano definitivamente não é um ano para folia e confetes”, completa.
Ela explica que além de prezar este ano pela tranquilidade, a falta de segurança nos carnavais e o desemprego que a atingiu desde dezembro, também a impossibilitou de procurar lugares tradicionais e pagar para curtir os festejos.
“Além da fase turbulenta econômica, estou desempregada desde dezembro, os casos de violência me assustam. O carnaval perdeu um pouco da qualidade, devido ao grande risco por falta de segurança”, diz Beatriz.
A jovem participou de um retiro na semana passada que a motivou também a participar de outro nos quatros dias do carnaval. O encontro é organizado pela Paróquia São José, No Instituto Federal de Alagoas, em Maceió. Ela espera que vá, em torno de 130 jovens, para compartilhar os momentos de diversão.
Kelly Porto
Alagoas é mesmo um estado agraciado pelas belezas naturais. E por isso, lugares para acampar com amigos é o que não falta. A gastrônoma, Kelly Porto, de 29 anos, não pensou duas vezes para se organizar e decidir aproveitar o carnaval diante da exuberância que abarca todo o trecho entre a praia do Patacho e o Rio Tatuamunha, em Porto de Pedras, no requisitado Litoral Norte de Alagoas.
O motivo da escolha do local? Segundo Kelly, a turma, de 15 pessoas, terá a opção de mar e água doce para curtir os quatro dias isolados do meio urbano e juntos à natureza. O grupo se organiza por meio de WhatsApp e tem gente da capital e do interior do estado.
“ O camping passado foi no Patacho e achamos o lugar lindo. E não vimos objeção em repetir o local. E são quatros dias longe da cidade e ficar quatro dias sem água doce é complicado. E o rio Tatuamunha é bem próximo”, explica. “É lindo demais. estou até agora com vários espinhos de ouriço na mão”, brinca a gastrônoma ao orientar sobre as vantagens e desvantagens para quem vai acampar pela primeira vez.
“O que é complicado de acampar é em relação a banheiro e banho e alguns acidentes como esse meu, de cair em ouriços. De resto só há benefícios, o contato com a natureza, a comunhão com as pessoas. Damos valor a cada momento, celebrando o nascer do sol, o mar, a lua. É maravilhoso”, conta.
Quanto a programação? Kelly afirma que não há nada programado, mas as coisas acontecem naturalmente no acampamento. “Temos luau quando a noite chega. Temos alguns músicos no grupo e a cantoria fica garantida. De resto, a gente cozinha, caminha, conversa, bebe e dorme que ninguém é de ferro”, diz.
Kelly acampa já há quatro anos, e além da praia do Patacho, ela recomenda as Falésia do Gunga, no Litoral Sul de Alagoas. Mas também faz outras indicações, como Maragogi, Barra Nova, Jequiá da Praia, Sauaçuhy.