Alagoas

Força-tarefa mira bugues em área de vegetação protegida de Alagoas

Por Folha de S. Paulo 11/03/2017 15h03
Força-tarefa mira bugues em área de vegetação protegida de Alagoas
Força-tarefa mira bugues em área de vegetação protegida de Alagoas - Foto: Reprodução/Folha de S. Paulo

A circulação de bugues ou outros veículos carregando turistas pelas praias do litoral norte de Alagoas, em áreas de vegetação protegida, tornou-se uma prática cada vez mais combatida no verão por uma força-tarefa formada por órgãos ambientais, com apoio da Polícia Militar.

No Carnaval, uma blitz apreendeu oito veículos, incluindo carros, motos e quadriciclos. O valor mínimo de multa é de R$ 500.

Eles foram recolhidos porque o percurso irregular em cima de areia e vegetação prejudica a posta de ovos de espécies como tartarugas, além de trazer risco aos banhistas.

Em janeiro, em um intervalo de 21 dias, seis carros, dez motos e dois quadriciclos foram flagrados cometendo crime ambiental, já que as praias estão inseridas na área de proteção Costa dos Corais. Em 2016, bugueiros que transportam turistas em Maragogi foram multados por abrir ilegalmente caminho em vegetação protegida.

Segundo o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, os veículos ficam retidos no ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), sendo liberados após pagamento de multa, com valor médio de R$ 1.214,50. A prática provoca consequências como devastação de áreas de restinga e prejuízos à reprodução de espécies ameaçadas –como as tartarugas marinhas–, além de transtornos aos banhistas.

Segundo Ermi Ferrari, gerente de monitoramento e fiscalização do instituto alagoano, os infratores são geralmente moradores da região que realizam passeios, veranistas e turistas.

A fiscalização no litoral norte foi intensificada em dezembro, mas já ocorria desde 2016, com ações pontuais. Uma delas, em outubro, resultou em multa de R$ 28 mil à Associação dos Bugueiros de Maragogi, quando fiscais do ICMBio e do IMA descobriram que uma retroescavadeira foi usada para desmatar a vegetação de restinga e abrir caminho para rotas de passeios irregulares.

Na mesma investida, o ICMBio multou os proprietários de 16 bugues, num valor total de R$ 8.000, e todos os veículos foram apreendidos.

No mês seguinte, a associação firmou um Termo de Ajustamento de Conduta com o IMA e apresentou proposta de rota provisória, enquanto não se define uma definitiva.

Maragogi é o segundo destino turístico mais procurado de Alagoas, só superado por Maceió. O município faz divisa com Pernambuco e atrai turistas de várias partes do país, graças ao mar de águas calmas e cristalinas.

Roberto Simplício, secretário da associação dos bugueiros, que conta com 123 sócios, disse que o movimento caiu 50% desde que os passeios de bugue deixaram de ser feitos na areia da praia e passaram para a rota beira-mar.

"Mas estamos nos recuperando, apesar de a categoria estar dividida. Metade dos bugueiros aprovou a medida e a outra está insatisfeita", disse ele, que não soube precisar o número de "piratas" que atuam nos passeios.

Os bugueiros não são os únicos alvos. "Muitos veranistas colocam seus veículos na areia da praia e estamos atentos para coibir não apenas esta, mas várias práticas que degradem o ambiente", disse Iran Normande, chefe da APA Costa dos Corais e analista ambiental do ICMBio.

A APA Costa dos Corais é a maior unidade de conservação federal marinha do Brasil, que se estende de Paripueira, em Alagoas, até Tamandaré, em Pernambuco. No total, ela engloba mais de 400 mil hectares de área e cerca de 120 km de praias e mangues protegidos.