Inaugurada há um ano, a Unidade de Ortopedia do Hospital Geral do Estado (HGE) realizou 2.610 cirurgias, onde a maioria está relacionada a traumas, com origem na violência do trânsito. Cirurgias de mão, uma especialidade médica ainda rara no Brasil, foram as mais requisitadas, seguidas das de fêmur e úmero. Um alcance assistencial que estava somente nos sonhos dos alagoanos até 2015, o que ocasionava a transferência para outros hospitais, para que o tratamento tivesse continuidade. 

Com o novo serviço, a qualidade da assistência da ortopedia no maior hospital público de Alagoas ganhou um salto muito além do esperado, segundo destaca o coordenador médico da Unidade de Ortopedia do HGE, Gustavo Vasconcelos. Ele avalia que o primeiro ano de mudanças foi marcado pelo crescimento e estabelecimento de bases, que gerarão subsídios para novas implantações na linha de cuidado.

“Hoje, o HGE conta com trinta ortopedistas, que realizam cirurgias de mão, de fêmur, de úmero, de rádio distal, de quadril e de outras especialidades que envolvem o sistema locomotor e, até pouco tempo, não eram tão acessíveis no Estado pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Nosso grande desafio é diminuir o tempo de internação, desde a porta de entrada, passando pelo tratamento, até a alta médica”, relata o Gustavo Vasconcelos.

Toda essa atenção ao cuidado é sentida pela universitária Mayana Morais de Souza, de 22 anos. Movida pelo imenso desejo de conhecer o mar de Alagoas, a estudante de nutrição decidiu, junto à família, sair de Campina Grande (PB) e vir à Maceió para também saborear a famosa tapioca alagoana. Mas um grave acidente transformou o sonho em pesadelo.

“De repente me vi envolvida em uma colisão entre quatro carros, no trecho da BR-104, em Murici. Fui resgatada pelo Corpo de Bombeiros e obrigada a conhecer o HGE de Alagoas. Aqui já passei pela área vermelha, centro cirúrgico, área amarela, UTI [Unidade de Terapia Intensiva], ala C, ala D e agora estou na ala G [onde fica a Unidade de Ortopedia]. Passei por muita agonia, muito medo, solidão por estar em um lugar que nada conheço, apesar de sempre bem tratada, mesmo sem acompanhante. Mas não desisto do sonho mergulhar no mar de Maceió quando receber alta”, diz a futura nutricionista.

O acidente causou em Mayana uma fratura de fêmur esquerdo, fratura de rádio distal esquerdo e fratura de úmero esquerdo, o que resultou em uma cirurgia no abdômen. Todos os procedimentos são realizados no HGE, graças à modernização do setor, que contou com recursos do Ministério da Saúde, adquiridos pelo Governo de Alagoas, uma vez que foram obtidos equipamentos e contratada a equipe multidisciplinar, formada também por enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, instrumentadores e assistentes, rigorosamente treinados para monitorar e intervir na assistência.

Contudo, em média 217 cirurgias na área ortopédica foram realizadas mensalmente no HGE, durante os últimos doze meses. A Unidade de Ortopedia foi inaugurada dia 23 de junho de 2016, com 39 leitos aptos à internação dos pacientes, fator que proporciona ao usuário uma resposta imediata na assistência, contribuindo com a recuperação do usuário.

“Agora estamos propondo a abertura de uma terceira sala de cirurgia e a criação do serviço eletivo bucomaxilofacial, destinado ao tratamento das fraturas de face, além da criação do serviço de referência no atendimento ambulatorial. Aos poucos fortalecemos nosso serviço e abraçamos mais alagoanos”, salienta Gustavo Vasconcelos.

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