Renan Filho inaugura monumento à arte popular de Alagoas nesta sexta-feira (29)
Sereia de mestre Zezinho tem seis metros de altura, é feita de isopor naval e fibra de vidro
O governador Renan Filho e o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Helder Lima, entregam nesta sexta-feira (29), às 10h, a escultura Sereia, uma reprodução da peça de autoria do mestre artesão Zezinho. A solenidade acontece na Avenida Dr. Antônio Gouveia, em frente à Academia Top, no bairro da Pajuçara.
José Cícero da Silva, mais conhecido como Zezinho, é um homem simples. Tímido, não gosta de chamar atenção, de falar em público, nem de aniversários, já que costuma ser ele o foco dessas situações. A personalidade reservada é o que justifica seu nervosismo e ansiedade com a chegada do dia 29 de setembro, data em que uma reprodução de seis metros de uma escultura de sua autoria será instalada na Orla de Maceió, homenageando a arte popular de Alagoas e a importância de Zezinho para a produção artesanal do Estado.
Natural de Arapiraca, região do Agreste, o artesão começou a criar suas primeiras peças quando ainda era criança, aproveitando o ofício do pai, Cícero José da Silva, que construía casas de taipa com estruturas de madeira. Nas mãos de Zezinho, as sobras do material facilmente viravam carrinhos de brinquedo, que faziam a alegria do menino e marcam, com saudosismo, as lembranças de sua infância.
Apesar da descrença do próprio artesão, quem conhecia o trabalho de Zezinho identificava o talento e originalidade nas peças em madeira. Aos 22 anos, morando em São Paulo para buscar uma oportunidade de emprego, Zezinho levava no transporte público uma “casinha” colorida, um presente que havia feito para um amigo. Ao ver a peça, uma senhora desconhecida ressaltou o talento de Zezinho para a arte popular.
“Eu carregava a casinha nas pernas, indo para o bairro de Santo Amaro, quando ela me olhou e disse: Moço, quem fez essa casinha? Eu respondi que tinha sido eu. Na mesma hora ela me perguntou se eu sabia que isso era uma obra de arte, e que eu poderia fazer disso minha profissão. Mas São Paulo era muito grande, e eu muito pequeno dentro de São Paulo. Não tinha estudo para entender o que ela quis dizer. Só depois dos 30 anos eu tive noção que poderia viver do meu artesanato”, conta Zezinho.
E a arte virou ofício para o artesão há 17 anos, quando começaram as primeiras encomendas. Já de volta a Alagoas, mestre Zezinho passou a ser cada vez mais procurado pela produção de seus bonecos, barcos, centopeias e sereias, que carregam o universo lúdico e brincante do artista em cores e criatividade. Seus trabalhos fazem parte de catálogos nacionais de arte popular e já foi destaque em revistas como Casa Vogue e Casa Cláudia. Entre as conquistas, o artesão destaca, ainda, o prêmio de Melhor Artesão do Ano, conquistado em 2009 no Museu Théo Brandão, ao lado de João das Alagoas.
Atualmente, aos 50 anos, Zezinho reside em Campo Alegre e, além de continuar produzindo suas peças, repassa o ofício para seus cinco filhos.
Sereia
Conhecida como um símbolo popularmente difundido entre os maceioenses, a sereia, apesar de não fazer parte do cotidiano do artesão no Agreste, está entre uma das peças mais produzidas por Zezinho.
“Eu sou uma pessoa que sempre andei pelo mundo. Minha inspiração vem de tudo que eu já vi. De todas as cidades que eu já andei, inclusive do Litoral. Mas a gente não tem todas as ideias, né? As pessoas ajudam e colocam coisas na nossa cabeça. Uma vez um rapaz que me comprava me disse: Não dá para você fazer um boneco pescando uma sereia, ao invés de um peixe? Aí eu fiz. Dali surgiu a ideia de fazer em diferentes estilos e tamanhos. Isso entrou no gosto das pessoas”.
Com seis metros de altura, a réplica em 3D é feita de isopor naval e fibra de vidro e reproduz um símbolo popularmente difundido entre os maceioenses, se tornando mais um atrativo turístico na orla da capital. A inauguração da peça será realizada às 10h, na Avenida Dr. Antônio Gouveia, em frente à Academia Top, no bairro da Pajuçara.
O monumento inaugura uma proposta de intervenções artísticas nas principais paisagens do Estado, apresentando a diversidade, riqueza e talento dos artesãos alagoanos. Dessa forma, o Governo do Estado, por meio da Sedetur, com o apoio do grupo Ritz Hotéis, celebra a cultura popular tão presente na trajetória de Alagoas.
A homenagem é recebida por Zezinho com entusiasmo e nervosismo, além de reforçar a certeza de que é através da arte que o mestre se sente realizado em sua trajetória de vida.
“Eu não sei como vou me sentir na hora. Estou nervoso já de agora. Mas Deus vai me ajudar e a gente vai aguentar essa emoção, pois sei que isso é um presente. O mestre Zezinho sou eu, a minha pessoa, as pessoas vão saber disso e eu quero permanecer, até meus últimos momentos, fazendo minhas peças e honrando cada vez mais essa homenagem”, ressaltou Zezinho.