[Vídeo] Bambu movimenta renda de famílias em Viçosa e vira 'passatempo'
Moradores produzem palitos aos milhares e fábrica da cidade dita preço
Você já parou para pensar de onde vem o palito daquele churrasquinho na esquina de casa ou vendido na praia?
Em Alagoas, a cidade ribeirinha de Viçosa tem em sua tradição a produção de palitos feitos de bambu. Família inteiras reforçam sua renda ou vivem exclusivamente da produção manual dos palitos.
Em sua época áurea, os palitos já foram a principal fonte de renda das famílias da cidade e uma associação, em pareceria com a Prefeitura e o Banco do Nordeste, chegou a ser criada. Nela havia maquinário que facilitava e acelerava a produção do material, mas a inadimplência dos sucessivos empréstimos autorizados aos associados fez a instituição bancária recuar e a associação fechou.
Hoje parte dos ribeirinhos trabalha com palitos nas horas vagas e cortam o bambu no quintal ou na porta de casa. As crianças também ajudam quando chegam da escola e alguns moradores acham o trabalho ‘uma diversão’.
Uma fábrica da cidade compra os palitos produzidos pelos moradores que buscam, eles mesmos, a matéria-prima na beira do Rio Paraíba do Meio. O bambu não pode estar verde. A cor amarelada é o sinal de que ele está na condição adequada para o corte.
Luis Juvino da Silva trabalha com a produção de palitos há mais de uma década. Para ele, o trabalho é um passatempo e uma diversão. Seu Juvino sempre tratou a atividade como secundária e se dedica aos palitos somente nas horas vagas. “Comecei a fazer de manhãzinha, antes de ir para o trabalho, peguei gosto e faço até hoje” (sic), relatou o ribeirinho.
Mas o ‘passatempo’ dos viçosenses é na verdade o reflexo das limitações econômicas de maior parte das cidades do interior de Alagoas. A história dos irmãos Marcos Antônio e Maria Vanilda mostra isso.
O corte do bambum é a principal renda da família. Marcos e Maria produzem juntos, por semana, cerca de 15 ou 20 mil palitos e já chegaram a produzir 100 mil palitos em um mês. Os artesão vendem 100 palitos por R$ 1, mas a fábrica – que compra em grandes quantidades - paga R$ 8 pelo milheiro.
“Por semana a gente faz 15 mil, 20 mil. Lá tem uma anotação, uma agenda que ele coloca tudo do pessoal. A gente tem o nome, tem o CPF, tem tudo. Cada um tem a sua ficha de mandar. Aí eu mando agora cinco mil, amanhã mando mais cinco, quando é no final da semana ou com 15 dias recebe, mas é melhor juntar. Mês passado fizemos 59 mil eu e ela [em referência a irmã]” (sic), contou o morador.
O artesão também relatou ao 7Segundos que a história contada pelos moradores mais antigos da cidade é que a tradição com os palitos começou com um homem que fazia confeitos artesanais e usava o bambum para fazer ‘palitos de confeito’. A ideia se espalhou e hoje é praticada por quase todas as famílias de Viçosa. É da Marcos a informação de que a cultura tem pelo menos duas décadas.
Nem mesmo programas sociais como o Bolsa Família livram as famílias do destino com o bambu.
“Só quem é aposentado que não faz. Agora quem não é aposentado é melhor isso do que tá na casa dos outros ou trabalhando no sol quente pra ganhar 20 conto. Meus sobrinhos que um tem 14 e a outra 15, eu boto pra fazer os bicos do palito quando chegam da escola. Pra num tá nas casas do povo, nem nas portas do povo, nem usando droga. Né melhor tá aqui?”, (sic) indagou o artesão.
Segundo ele, com a ajuda eles já compram caderno ou lápis para ir à escola. Marcos relatou que o dinheiro do Bolsa Família (R$ 70) pouco ajuda nas despesas da casa. “Um sapato, um chinelo que poca, tira dos palitos”, (sic) confirma Marcos. A maior parte dos artesãos trabalham durante a noite porque o serviço é pesado e o calor atrapalha na produção.
“Eu pago aluguel, energia, comprei geladeira, televisão, tudo com dinheiro de palito. Tiros R$ 500, 800 reais. Depende de quantos palitos a gente consegue fazer. Quando não tem pra fazer em sinto falta. A gente se diverte e rir conversando e fazendo palito. Quando tô com raiva também desaba com os palitos”, (sic) relata em meio a risos a moradora.
Viçosa
Localizada a 86 quilômetros de Maceió, a pequena Viçosa foi fundada em 1790, por Manoel Francisco, mas só foi elevada à categoria de cidade em 16 de maio de 1892. A cana-de-açúcar e o algodão já foram os expoentes econômicos daquela região de clima ameno e leve brisa.
Nomes importantes que figuram a história e a política de Alagoas tiveram seu nascimento em Viçosa. O menestrel Teotônio Vilela e o escritor Octávio Brandão são exemplos. Foi também em Viçosa que nasceu a escola folclórica Téo Brandão e onde morreu o líder dos escravos, Zumbi dos Palmares.
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