Saúde

O que acontece com as células quando elas morrem? Estudo explica

Cientistas descrevem novo processo de limpeza de restos mortais das células e detalham outros. Mecanismo é essencial para o organismo e pode evitar disfunções do sistema imunológico.

Por G1 20/03/2018 15h03
O que acontece com as células quando elas morrem? Estudo explica
O que acontece com as células quando elas morrem? Estudo explica - Foto: Laboratory of Developmental Genetics at The Rockefeller University

Já sabemos que nossas células morrem ao longo da vida e muitas pesquisas se concentram no porquê isso ocorre. Um estudo publicado na "Nature Cell Biology", no entanto, focou em outros questionamentos: o que será que ocorre com os restos mortais de nossas células? Eles estão associados a outras doenças e disfunções do corpo?

Pesquisadores associados ao estudo explicam que, quando uma célula morre, normalmente outras células descem para limpar os seus restos mortais. Elas são chamadas de "fagócitos" e têm o papel de aspirar os restos celulares.

Há, no entanto, outros processos de morte celular ainda por serem descobertos. Cientistas sabem que a morte de células mais elaboradas, como os neurônios, são um verdadeiro desafio para os fagócitos.

Para descobrir outros processos de "limpeza" de restos mortais de células, cientistas estudaram as células específicas de um verme, o C. elegans. Essa célula fornece suporte estrutural durante a formação da cauda. Depois de formada a estrutura, a célula entendeu que cumpriu o seu papel e se autodestroi.

Por que as células morrem?

O processo de morte celular é definido como "apoptose" e há dois tipos principais: o natural e o patológico

Há as mortes celulares "naturais": para esculpir os dedos das mãos dos fetos, por exemplo, algumas células vão se autodestruindo.

As células também morrem por doenças e problemas ambientais - como infecções por vírus e radiação.

Com imagens de alta resolução, cientistas observaram que os restos mortais dessa célula vai ser eliminado de duas maneiras:

A parte central vai se enrolando até virar uma espécie de bolinha, que vai ser eliminada por uma célula vizinha. Os extremos da célula são dissolvidos por uma substância específica, a EF-1, um achado importante da pesquisa.

De fato, as imagens capturadas pela equipe revelam que o processo começa com a parte central da célula sendo separada de sua extensão. Também os pesquisadores observaram que a limpeza de neurônios mortos ocorrem de forma similar.

O achado dos cientistas é importante para processos de imunidade. Algumas doenças autoimunes (quando o sistema imunológico começa a atacar tecidos saudáveis pensando que estão "doentes") estão associadas a esse processo.

A hipótese é que quando uma célula morta "vaga" pelo corpo, ela pode chamar a atenção desenfreada do sistema imunológico. Ao estudar maneiras de fazer com quê essas células sejam eliminadas, novos tratamentos para essas condições podem surgir.

Exemplos de doenças autoimunes são, por exemplo, o Lupus. Dentre vários sintomas, a doença provoca uma inflamação nos vasos sanguíneos que podem culminar na necessidade de um transplante de rim.