Cidades

Ônibus troca campainha por 'chocalho' no Rio de Janeiro

Ônibus com garrafas pet e latinha no lugar da campainha não poderia estar nas ruas

Por G1 31/07/2018 08h08
Ônibus troca campainha por 'chocalho' no Rio de Janeiro
Engenhoca foi flagrada por usuários do transporte público no RJ. - Foto: Reprodução/Internet

Passageiros do ônibus de número de ordem D87301, da linha 771 (Campo Grande—Coelho Neto), da empresa Pégaso, tinham duas opções para alertar o motorista de que estava perto do ponto de descida. A primeira era no grito. A segunda, puxando a cordinha da campainha, mas, nesse caso, em vez do som característico, ouvia-se o chacoalhar de duas garrafas pet e uma latinha de refrigerante vazias.

Pelo menos era assim até sábado, quando o passageiro Leandro Silva, de 34 anos, flagrou a engenhoca em vídeo postado na internet. As imagens mostram as garrafas e a latinha amarradas à cordinha da campainha, atrás da cadeira do motorista. Assim, quando o passageiro acionava a cigarra defeituosa, os penduricalhos batiam na barra metálica do veículo fazendo barulho e chamando atenção do motorista.

A situação curiosa e que chamou a atenção do passageiro — ele fez ainda imagens de outro veículo da mesma empresa, mas da linha 770, com problemas de conservação —, consegue ser ainda pior. Segundo a Secretaria municipal de Transportes, nenhum dos dois ônibus poderia estar nas ruas. Ambos estão com a permissão suspensa desde 2016, pela falta de vistoria. Em casos assim, o consórcio é multado e o veículo, lacrado. A multa é de 520 Ufir-RJ (cerca de R$ 1.700).

— Achava que já tinha visto de tudo, mas essa é inédita. A cigarra não está funcionando e improvisaram com garrafas e lata, para com isso, evitar a gritaria dos passageiros. Para isso que houve o aumento das passagens? — desabafou o morador de Campo Grande, se referindo ao reajuste de R$ 3,60 para R$ 3,95, em vigor desde julho.

Pesquisa na internet mostra que uma campainha de ônibus custa em torno de R$ 50. No caso do carro da linha 770 —número de ordem D87305 —, da mesma empresa e que faz o mesmo itinerário, as imagens apontam outros problemas de conservação: falta de um dos faróis dianteiros, para-choque amarrado com corda, lataria amassada e pneus em mau estado. Uma pesquisa pela placa, no site do Detran, mostra que a última vistoria do veículo no órgão é de 2015.

A SMTR informou que uma equipe de fiscalização da secretaria irá à garagem verificar a situação da frota. Só esse ano, cada uma dessas linhas já foi autuada cinco vezes por má conservação.

A Pégaso negou que tenha veículos circulando com garrafas pet e lata de refrigerante substituindo a campainha, mas não se manifestou sobre os outros problemas.