'Trolls' russos tentaram dissuadir eleitores negros nos EUA, diz informe
Segundo dados apresentados para Senado, objetivo era aprofundar as divisões da sociedade americana e dissuadir também latinos, jovens e a comunidade LGBT de votar.
A fábrica russa de "trolls" que influenciou a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016 tentou desmoralizar os afro-americanos e dissuadi-los de votar, segundo um novo informe feito para o Senado americano e elaborado pelo Computational Propaganda Project, da Universidade de Oxford, e pelos especialistas em redes sociais Graphika.
O objetivo principal da Internet Research Agency (IRA), uma fábrica de trolls (comentaristas políticos anônimos da internet) sediada em São Petersburgo, foi aprofundar as divisões da sociedade americana dissuadindo os liberais pró-democratas - incluindo latinos, jovens e a comunidade LGBT - de votar, indica o informe.
A análise de milhares de publicações e anúncios da IRA em várias redes sociais entre 2015 e 2017 mostra uma ênfase especial em convencer os afro-americanos para que ficassem em casa no dia das eleições.
"É evidente que as campanhas pretendiam desmobilizar os afro-americanos, a comunidade LGBT e o eleitorado liberal", aponta o informe.
"Estas campanhas impulsionaram a mensagem de que a melhor forma de avançar na causa dos afro-americanos era boicotando as eleições e concentrando-se em outros problemas", acrescenta.
Embora o estudo não dê indicações sobre os eventuais efeitos da propaganda da IRA nos resultados eleitorais, a análise dos dados após as eleições sugere um certo impacto.
De acordo com o Pew Research Center, o número de eleitores brancos aumentou em 2016, enquanto o de eleitores negros diminuiu cinco pontos percentuais, para 59,6%, em relação às presidenciais de 2012.
A IRA foi estabelecida por Yevgeny Prigozhin, um homem de negócios próximo ao presidente russo, Vladimir Putin, como uma operação doméstica de propaganda social.