Polícia

Dez militares são presos após atirar mais de 80 vezes em carro de músico, no Rio

Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, morreu depois de ser atingido por três disparos; ele levava a família para um chá de bebê

Por O Estadão 08/04/2019 12h12
Dez militares são presos após atirar mais de 80 vezes em carro de músico, no Rio
O músico Evaldo dos Santos Rosa morreu na hora, baleado em ação do Exército em Guadalupe. O carro pode ter sido confundido - Foto: Reprodução/Facebook

RIO - Pelo menos dez militares foram presos em flagrante pelo envolvimento no fuzilamento do carro de uma família em Guadalupe, na zona norte do Rio, no domingo, 7. O músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, morreu depois que o carro foi alvejado por mais de 80 tiros. 

O músico levava a família para um chá de bebê no momento em que foi atingido por três disparos. O sogro de Evaldo também ficou ferido, mas se recupera bem. Outras três pessoas estavam dentro do carro.

Evaldo dos Santos Rosa levava a família para um chá de bebê  Foto: Wilton Junior/Estadão

Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) disse que ouviu o depoimento de 12 militares,  e que dez deles foram presos em flagrante. Ainda segundo o CML, as prisões ocorreram “em virtude do descumprimento de regras de engajamento”. Uma testemunha civil não identificada também teria sido ouvida pelos militares. Os depoimentos foram acompanhados por um representante do Ministério Público Militar.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), afirmou que pretende entrar no Ministério Público Federal com uma representação pedindo à instituição que investigue a morte de Evaldo. 

A deputada lembrou que na última sexta-feira, Christian Felipe Santana de Almeida Alves, de 19 anos, foi morto por militares do Exército durante blitz na Estrada Pedro de Alcântara, em Realengo, na zona oeste. Ele estava na garupa da moto pilotada por um amigo de 17 anos. O Comando Militar do Leste informou, na ocasião, que os jovens não obedeceram à ordem de parada e furaram o bloqueio. A família contesta a versão.