Ataque a sauditas é espécie de 11 de Setembro para o petróleo, diz chefe da ANP
Cotações do petróleo chegaram a saltar quase 20% nesta segunda-feira (16)

O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Décio Fabricio Oddone da Costa, disse nesta segunda (16) que os ataques a refinaria na Arábia Saudita, no último sábado (14), são uma espécie de "11 de setembro" do mercado de petróleo, com potencial para elevar a sensação de risco sobre o setor.
Oddone avalia, porém, que a alta nas cotações internacionais é favorável para o desenvolvimento das reservas brasileiras. A ANP realiza nos próximos meses três leilões de áreas petrolíferas, incluindo o megaleilão do pré-sal, com bônus de assinatura de R$ 106 bilhões.
"Do ponto de vista do risco, o evento de sábado pode ser considerado uma espécie de 11 de setembro do mercado do petróleo. Depois dele, a sensação de risco aumentará", afirmou, referindo-se à data do ataque terrorista às torres gêmeas, em Nova York.
Décio Oddone, diretor-geral da ANP - Sergio Moraes/Reuters
Na Arábia Saudita, ataques destruíram unidades do maior complexo petrolífero do país, forçando corte de metade da produção local de petróleo. O volume cortado, de 5,7 milhões de barris por dia, equivale a 5% da oferta mundial.
O ataque levou investidores a uma corrida por contratos futuros de petróleo. As cotações nacionais chegaram a subir 20% no domingo (15) mas recuaram nesta segunda, após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a liberação de estoques estratégicos americanos.
Oddone diz que o a crise aguda desses primeiros dias após os ataques vai passar - "como sempre passa" - e que analistas preveem um impacto de US$ 2 a US$ 3 (R$ 3,1 a R$ 12,2, pela cotação atual) no preço do barril caso a situação se normalize rapidamente.
Em caso de crise mais longa, o impacto pode chegar a US$ 10 (R$ 40,1) por barril. "Isso é bom para o pré-sal e nossos outros ativos [de petróleo e gás]", afirmou.
Entre outubro e novembro o Brasil realizará três leilões de áreas exploratórias —o primeiro, de campos fora do chamado polígono do pré-sal; o segundo, de áreas exploratórias do pré-sal, e o terceiro; de reservas gigantes já descobertas pela Petrobras em áreas da União.
A expectativa é que a maior percepção de risco no Oriente Médio possa levar as gigantes do setor a priorizar regiões com menor potencial de conflitos.
Para analistas, a disparada do preço do petróleo será um teste para a autonomia da Petrobras para definir os preços dos combustíveis em momentos de crise.
Segundo Luiz Carvalho e Gabriel Barra, analistas do banco UBS, a atual situação é "desafiadora" para a estatal. Além do petróleo, dizem, a taxa de câmbio deve sentir os efeitos da crise, pressionando ainda mais a chamada paridade de importação —conceito usado pela política de preços da estatal, que simula o custo de importação dos combustíveis.
Eles lembram que no passado, a empresa segurou seus preços em diversos momentos de crises semelhantes, gerando prejuízos em suas operações de refino.
"A gestão atual tem conseguido implementar uma estratégia bem sucedida até agora e esse evento será um importante teste sobre a solidez dessa política."
Por outro lado, a possibilidade de repasse ao consumidor da alta nas cotações internacionais preocupa o mercado, diante de potenciais efeitos na economia –desde pressões inflacionárias a uma nova greve de caminhoneiros descontentes com o preço do diesel.
Em abril, durante um ciclo de alta das cotações internacionais, o presidente Jair Bolsonaro determinou que a direção da Petrobras suspendesse reajuste no preço do diesel, alegando risco de nova paralisação dos caminhoneiros. A decisão levou a estatal a perder R$ 32 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.
O chefe de análise da Toro Investimentos, André Paronko, diz que ainda é cedo para entender os efeitos da disparada do petróleo e que a alta dos últimos dias pode ser corrigida pelo mercado, com recuo nas cotações.
"Me preocupa muito mais como evento político, diante da possibilidade de acirramento em uma região que já é conflituosa", afirmou. "Uma crise de longa duração pode fazer com que o preço do petróleo se mantenha em uma tendência altista."
Ele acha, porém, que o Brasil está mais preparado do que outros emergentes para enfrentar uma crise, já que sua economia é menos dependente.
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