Economia

3,8 milhões de trabalhadores com ensino superior não têm emprego que exige diploma

Estudo mostra que país tem mais trabalhadores com faculdade concluída do que ocupações que exigem curso ensino superior

Por G1 06/12/2019 09h09
3,8 milhões de trabalhadores com ensino superior não têm emprego que exige diploma
Carteira de Trabalho - Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O Brasil não tem dado conta de absorver todos os trabalhadores que fazem uma graduação em postos de trabalhos adequados. Hoje, quase 4 milhões de brasileiros que cursaram faculdade não encontram uma profissão que exija a conclusão do Ensino Superior.

Atualmente, o Brasil tem 18,3 milhões de pessoas que terminaram a faculdade para 14,5 milhões de ocupações com exigência de curso de Ensino Superior. O levantamento foi realizado pela consultoria iDados, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

O número de trabalhadores com faculdade começou a superar a quantidade de vagas disponíveis no primeiro trimestre de 2014, quando a crise econômica começou a dar os primeiros sinais no país. Ao longo dos últimos anos, com o período recessivo e a lenta retomada, esse descasamento só aumentou.

"Muita gente está tendo de trabalhar fora da sua área de formação, está acontecendo um desencontro", diz Guilherme Hirata, pesquisador do iDados. "É um problema que tende a se agravar se a morosidade na economia continuar."

Hoje, o país tem 12,4 milhões de desempregados, de acordo com a última divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a crise do mercado de trabalho e sem espaço no setor privado, muitos brasileiros partiram para o trabalho por conta própria e para a informalidade.

Formada em desenho industrial, Lívia Fumie Koreeda, de 34 anos, foi demitida de uma rede varejista em 2017. Sem emprego formal, decidiu abrir a sua própria empresa para trabalhar com freelancer. No primeiro ano, chegou a conseguir um rendimento mensal até superior ao que recebia no emprego anterior.

No segundo ano como freelancer, no entanto, o quadro mudou. Os rendimentos passaram a cair e ela passou a atuar como tatuadora. "A partir do segundo ano e meio é que a renda foi diminuindo e, então, tive de rever meu posicionamento e escolhas de como atuar no mercado", diz.

Hoje, Livia ganha menos do que recebia no emprego com carteira assinada. Da renda mensal, 70% ainda vem dos trabalhos que realiza na área de desenho industrial, e o restante tem como origem o que ganha como tatuadora. Nos próximos anos, o objetivo dela é inverter essa relação.