Trump acirra conflito com Irã após ordem de abater e destruir navios
Presidente americano usou sua conta no Twitter para responder às manobras de embarcações iranianas no Golfo Pérsico

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom da tensão contra o Irã ao dar ordens à Marinha para "abater e destruir toda e qualquer embarcação iraniana" que ameace os navios americanos. A publicação no Twitter nesta quarta-feira (22) vem como resposta à troca de acusações entre os dois países na semana passada, quando 11 embarcações iranianas fizeram manobras ao redor de um navio dos EUA no Golfo Pérsico.
Militares americanos disseram que a aproximação foi "provocativa e perigosa". O Irã devolveu a acusação, classificando a postura da Marinha americana como "não profissional" ao ter bloqueado a passagem de um navio do país no início do mês. Um porta-voz das forças armadas do Irã disse, em resposta à declaração de Trump, que os EUA deveriam focar em salvar os militares do coronavírus.
"Ao invés de intimidar os outros, os americanos deveriam enviar todos os seus esforços para salvar os membros de suas forças que estão infectados com coronavírus", disse Abolfazl Shekarchi, segundo a agência de notícias ISNA.
Satélite
Também nesta quarta-feira (22), a Guarda Revolucionária do Irã anunciou o lançamento com sucesso do primeiro satélite militar do país em órbita a 425 km da superfície da Terra. O satélite Noor (luz, em persa) foi lançado a partir do deserto de Semnã, na região central do Irã. Trata-se de um trecho recitado pelos muculmanos quando eles viajam: "Glória Àquele que nos submeteu isso, pois nunca poderíamos ter feito isso por nossos próprios esforços".
Autoridades dos EUA disseram temer que a tecnologia balística de longo alcance usada para colocar satélites em órbita também possa ser usada para lançar ogivas nucleares. Teerã nega as afirmações dos EUA de que essa atividade é um disfarce para o desenvolvimento de mísseis balísticos e diz que nunca buscou o desenvolvimento de armas nucleares.
Os EUA argumentam que tais lançamentos pelo Irã violam uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que insta Teerã a não realizar atividades relacionadas a mísseis balísticos capazes de disparar armas nucleares.
A resolução, que endossou o pacto nuclear entre o Irã e seis grandes potências, não impede explicitamente essa atividade. O Irã argumenta que seu programa espacial é pacífico e rejeitou o pedido de Washington para encerrar seu programa de mísseis.
Em 2018, Trump anunciou a saída dos EUA do acordo nuclear, sob o pretexto de que a resolução tinha uma "estrutura apodrecida" por não contemplar o programa de mísseis balísticos do Irã, que continua a operar, nem a intervenção do país persa nas guerras da Síria e do Iêmen.
Em janeiro deste ano, foi a vez do Irã colocar um ponto final no pacto. O governo iraniano anunciou que deixaria de limitar seu grau de enriquecimento de urânio e não cumpriria as exigências da resolução da ONU.
A Guarda Revolucionária do Irã, que se reporta à autoridade suprema do país, o aiatolá Ali Khamenei, alertou repetidamente que as bases regionais dos EUA e seus porta-aviões no Golfo estão dentro do alcance de mísseis iranianos.
"Esta ação será um grande sucesso e um novo desenvolvimento no campo espacial do Irã islâmico", afirmou o comunicado da Guarda.
O lançamento desta quarta-feira (22) ocorre quase quatro meses depois do ápice da tensão entre Irã e EUA, quando o principal comandante militar iraniano, Qassem Soleimani, foi morto em um ataque de drones americanos, em Bagdá.
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