Modelo trans espancada em Copacabana reconhece agressor
A modelo trans Alice Felis reconheceu o homem que a agrediu na madrugada de domingo (16). A identificação foi feito a partir de fotografias apresentadas à vítima na 13ª DP (Copacabana), onde o caso foi registrado. Além de ter o nariz e maxilar quebrados, Alice também foi roubada. O suspeito deve responder por tentativa de latrocínio.
Segundo a advogada de Alice, Feh Oliveira, elas voltaram à delegacia após o registro de ocorrência e puderam fazer o reconhecimento do autor do crime.
"Ele já tinha passagem pela polícia por furto, por roubos. É uma pessoa conhecida em Copacabana, acostumado a aplicar golpes em travestis, em transsexuais. Então, a partir do momento que ela fez o reconhecimento, a delegada solicitou a prisão provisória dele", explicou a advogada.
A vítima e o agressor se conheceram em um bar na Rua Miguel Lemos, na noite de sábado (15). Conversaram e decidiram ir para a casa de Alice. Ela conta que eles beberam e as agressões começaram.
"Veio o filme de tudo o que eu já passei, de tudo que eu já enfrentei para ser que eu sou, sabe? Não é muita coisa e, ainda assim, você sofre preconceito, sabe? Da sociedade, das pessoas. E por mais que você faça o bem, por mais que você seja uma pessoa boa, sempre vai ter uma pessoa que vai te atirar uma pedra, vai te discriminar e vai te maltratar simplesmente pelo fato de você querer ser feliz da forma que você quer", disse Alice.
A vítima se lembra dos detalhes da agressão. "Ele pegou no meu pescoço, me jogou no chão e foi me arrastando. Dali, começou a me bater, me esmurrar, me dar soco, me xingar. Ele quebrou meu maxilar, o meu nariz. Estou com a boca costurada, tive ponto. Ele tentou me esfaquear. Foi bem constrangedor, bem difícil, mesmo".
A agressão a Alice foi parar nas redes sociais. Artistas mostraram solidariedade à modelo. "Gente, eu fiquei sabendo do caso da Alice Felis, uma mulher trans que foi agredida ontem à noite aqui no Rio, foi espancada dentro do apartamento dela", disse a cantora Preta Gil.
"Já assisti, já chorei de ódio dessa transfobia maldita que ainda existe, não é possível!", afirmou a atriz e influenciadora digital Kéfera Buchmann.
"Eu espero do fundo do meu coração que quem fez isso pague, que seja preso e que a justiça seja feita", comentou a cantora Pablo Vittar.
"Agora a gente espera que o agressor seja encontrado. A polícia está trabalhando muito nisso. A polícia tem todos os elementos necessários para isso. É só uma questão de tempo para ele ser encontrado, ser preso e a gente continuar lutando para que essa tentativa bárbara de LGBTfobia seja julgada. E que isso sirva de exemplo para toda essa sociedade que acha que matar homossexual é ok. Que matar travesti é ok. Que é possível matar homossexual e ninguém vai fazer nada", disse a advogada.
Alice conta com o carinho dos amigos para superar esse momento. Para ela, as lembranças da transfobia são as marcas mais difíceis de cicatrizar.
"O que eu passei, não desejo para ninguém. É uma cena que eu sei que nunca vou esquecer, nunca vai sair da minha cabeça, nunca. Eu vou levar esse hematoma, essas marcas eternamente".