Dias de isolamento fazem alagoanos retomarem hábito de leitura na quarentena
Levantamento do Twitter mostrou que 41% das pessoas estão lendo mais
Correria, trânsito, falta de tempo e pouca concentração. Essas e outras coisas, que deixavam leitores afastados dos livros durante o dia a dia, ficaram suspensas durante o período em que a população precisou ficar em casa, por causa das medidas de isolamento social.
A pandemia da Covid-19 gerou impactos negativos em diversos segmentos no país, porém, no mundo da leitura, pelo menos de acordo com um levantamento feito pelo Twitter, foi diferente. Dados contabilizados pela rede social mostram que 41% das pessoas afirmam ter lido mais durante o período.
Por isso, nessa quinta-feira (29), Dia Nacional do Livro, o 7Segundos conversou com alagoanos que mudaram ou retomaram uma rotina de leituras durante os dias confinamento.
O advogado Matheus Teixeira, de 24 anos, é um deles. Ele conta que seu tempo de leitura era dedicado e limitado a artigos, revistas e livros jurídicos desde a faculdade de Direito. “Acabei me afastando do que mais amo na literatura. Minha mãe me inseriu nesse meio. No ensino fundamental e médio, eu lia muito autores como Jorge Amado, Machado de Assis e José de Alencar”.
Isolado em casa, Matheus Teixeira conta que viu em seus livros — já comprados e adiados para ler depois — uma oportunidade de tornar o tempo produtivo. “Separei alguns, comprei muitos novos também. Minha rotina mudou totalmente. Consegui retomar o hábito da leitura que eu havia perdido. Minha meta era ler 50 livros até o fim do ano e já estou indo para o 42º, o que foi muito gratificante”, disse.
A jornalista Ana Clara Mendes, de 22 anos, nunca parou de ler, mas conta que a rotina de compromissos não permite que ela gaste o tempo que deseja lendo.
“Com a quarentena, passei quatro meses trabalhando de casa e sem sair, então pude encaixar novamente os livros na minha rotina. Nesse período, li cerca de 20 livros. Também voltei a me interessar ainda mais por conteúdos na internet voltados para livros, principalmente no Youtube”.
Foi também nos dias de confinamento que Ana Clara voltou a se dedicar a um projeto que ela havia largado em 2017. Uma conta no Instagram (Conto O Que Li) voltada exclusivamente para conversar e opinar sobre suas leituras.
“É importante que a gente converse e consuma conteúdos sobre. Às vezes também posto o que estou lendo na minha rede social pessoal. As pessoas costumam postar sobre tudo, mas pouco sobre a leitura atual. Acho que, ao compartilhar, conseguimos engajar e talvez inspirar pessoas próximas”, afirma.
Desafio de continuar
Com o fim de algumas medidas de isolamento social, as pessoas que aproveitaram o tempo livre em casa para se dedicar aos livros esbarram no desafio de continuar lendo em meio ao retorno das atividades presenciais.
Ana Clara, que já voltou a rotina “normal” dentro do que é possível durante a pandemia, conta que permanece lendo. “Leitura é algo que dá para encaixar no dia, mesmo que seja meia hora, tempo que muitas vezes a gente se distrai no celular”.
Já Matheus Teixeira acredita que será difícil conseguir manter um ritmo parecido com o que teve nos últimos meses, trabalhando em casa e participando de audiências remotamente. “Obviamente, vou continuar lendo. A tendência é não deixar de lado algo que sempre tive como paixão”.
Dia Nacional do Livro
O Dia nacional do livro faz referência à data de fundação da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, fundada em 1810 pela Coroa Portuguesa.