Órgãos e políticos de Alagoas reagem ao caso Mariana Ferrer
Vídeo que mostra vítima humilhada na audiência repercutiu no país
Após uma reportagem do The Intercept Brasil revelar detalhes sobre o julgamento que acabou com a absorção do acusado de estuprar a influecer catarinense, Mariana Ferrer, o país todo reagiu e, em Alagoas, não foi diferente.
A reportagem, divulgada nessa terça-feira, usou o termo ‘estupro culposo’ para definir o que foi afirmado pelo promotor responsável pelo caso, que diz que o empresário acusado, André Aranha, não tinha como saber que a vítima não tinha condições de consentir a relação e que, por isso, não teve intenção de estuprar.
Os principais times de futebol alagoanos, CSA e CRB, publicaram imagens nas redes sociais repudiando o termo ‘estupro culposo’. Por meio do Twitter, o governo do Estado também se pronunciou.
“Violência contra mulher é crime e estupro culposo não existe. O Governo de Alagoas não concorda com nenhuma forma de agressão. Chega de violência contra a mulher”.
As imagens da audiência também chamaram atenção em todo país. Mari Ferrer foi atacada e humilhada pelo advogado de defesa, Claudio Gastão da Rosa Filho. Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas manifestou repúdio ao que foi observado na audiência.
“À parte a discussão técnico-jurídica, o fato é que o sagrado direito de defesa, que a todas e a todos deve ser conferido, não poder ser utilizado como instrumento de intimidação e de assédio moral”, diz a nota.
Cenário político
Os senadores Rodrigo Cunha (PSDB), Renan Calheiros (MDB) e Fernando Collor de Mello (PROS) usaram suas contas no Twitter para repudiar o caso. Deputados federais como Isnaldo Bulhões (MDB) e Tereza Nelma (PSDB) também usaram a mesma rede social para pedir justiça.
Durante sessão na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) nesta quarta-feira (04), a deputada Cibele Moura (PSDB) repudiou a forma com a qual a jovem de 23 anos foi tratada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho.
“O que aconteceu em Santa Catarina mais pareceu um tribunal inquisitório, não um julgamento. Naquele momento, a vítima, uma mulher, é quem foi julgada”, avalia a parlamentar. Ela também cobrou posição da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre a conduta do advogado, e também do Ministério Público sobre a atuação do promotor.