No Sul de Minas, no município de Guaxupé, Cláudio dos Santos Lamounier, conhecido como Cacau, rifou o seu carro, um VW Gol, ano 1993, para poder reformar o quarto de seus filhos, mas foi surpreendido. O ganhador decidiu devolver o carro para ele.

Cláudio explicou ao BHAZ que estava passando por uma situação difícil: “Casa ficou pequena pra gente, menino de 10 [anos] vai fazer 11 agora, na virada do ano, e o quarto já estava apertado pra nós três. Nessa eu tive um pensamento de rifar o carro e fiz a rifa do carro e fui vendendo.”

Ele contou que tinha vendido quase tudo, mas uma semana antes do sorteio muita gente desistiu e devolveu os números da rifa. Como ele tinha prometido, continuou com o sorteio no dia marcado, apesar do valor ter sido abaixo do esperado e do avaliado pelo carro. “O povo se arrependeu, mas eu não podia arrepender do que eu tinha feito. Entreguei na mão de Deus o sorteio. Ele sabe o que faz”, completou.

Cacau trabalha no depósito de água e gás, por isso, durante as entregas, oferecia as rifas aos clientes. Isso durou por volta de três meses: “Enquanto entregava água e gás eu oferecia, vendia pra muito freguês”. Ele contou que algumas pessoas também estavam ajudando ele, mas que venderam muito pouco em comparação a ele.

Em uma dessas entregas, ofereceu a um cliente conhecido como seu João: “Fui, entreguei [água] e perguntei se ele podia comprar a rifa pra me ajudar, aí ele comprou”. O nome de João saiu no sorteio e, no último dia 20, Cacau foi entregar o prêmio com a família. Quando ele entregou o documento para João, a surpresa: “Ele falou umas palavras muito lindas, umas palavras de Deus”.

O vencedor disse que não precisava daquele carro. “Eu não preciso, eu tenho uma casa boa, é só eu e minha esposa, tenho dois carros na garagem… esse presente é seu, faça um bom uso dele”, reproduz Cacau.

“Eu não tive mais o que falar com ele, chorei muito. A emoção tomou conta do coração e eu só tenho que agradecer a Deus, primeiramente, e depois muito a família dele. Que Deus abençoe muito a família, que dê tudo em dobro o que ele faz de bem”. Apesar de não conhecer João, Cláudio disse que acredita que o coração dele é bom e que deve ajudar muita gente.

Por fim, Cacau contou que ainda falta o piso e colocar um pouco de reboque no quarto do seu filho. Ele também tem um bebê de 10 meses. O entregador disse que trabalha muito, que o carro é utilizado pela família, e que acredita que ele ainda conseguirá finalizar o cômodo para o seu filho. “Vai chegar em algum lugar”.