Educação

Candidatos contam como foi fazer o Enem em meio à pandemia de Covid-19

Exame teve o número de abstenção recorde de 51,5% no país

Por Tais Albino 18/01/2021 12h12 - Atualizado em 18/01/2021 13h01
Candidatos contam como foi fazer o Enem em meio à pandemia de Covid-19
Primeira etapa do Enem ocorreu nesse domingo (17) - Foto: LEANDRO FERREIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Em meio à alta de número de casos da Covid-19 em vários estados do país e muitos pedidos de cancelamento do exame, o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorreu nesse domingo (17). O dia foi marcado por relatos de estudantes que foram barrados em salas de aplicação que tinham atingido lotação acima do que estabelecia o protocolo contra a Covid. 

Além de tudo isso, houve uma taxa de abstenção recorde: 51,5%. No entanto, para o ministro da Educação, Milton Ribeiro, a realização do Enem 2020 "foi um sucesso". O 7Segundos decidiu ouvir candidatos que fizeram as provas em Alagoas para saber como foi participar de um exame da dimensão do Enem em meio a uma pandemia.

O jovem Matheus Williams, de 21 anos, que realizou o primeiro dia de provas na Escola Estadual José de Oliveira, no bairro Vergel do Lago, chamou atenção para a precariedade e a falta de medidas prevenção ao novo coronavírus.

Ele contou que a única diferença para outras edições que participou do Enem foi que havia distribuição de álcool em gel na porta de entrada da escola, mas diz que não houve distanciamento social e que as salas de aplicação estavam lotadas e sem ventilação natural. 

Matheus Williams, de 21 anos - Foto: Arquivo pessoal


“Foi bem complicado. A gente não teve o distanciamento social. As salas eram fechadas; tinha ar-condicionado, mas não tinha nenhuma corrente de ventilação. As pessoas estavam umas próximas das outras. Era abafado e apertado. Sem falar que minha é mãe é hipertensa, tem problemas de saúde. Fiquei bastante ocioso e quase não consegui responder todas as questões”, contou.

Bianca Mendes, de 17 anos, também sentiu a preocupação de realizar as provas ao lado de muitos candidatos. A jovem fez o exame na Faculdade Estácio, no bairro da Jatiúca, em Maceió. “Tem gente que estava ali e seguiu o isolamento social, mas tem gente que foi para festas de fim de ano. O medo de se contaminar antes e durante a prova é grande”.

Ela conta que percebeu que havia menos candidatos que na edição de 2019, porém, diz que ainda sim teve dificuldade de passar por corredores pela quantidade de pessoas. “A sala estava cheia, nenhum distanciamento entre as cadeiras, e o ar-condicionado estava ligado. Só a porta que permaneceu aberta durante toda a prova”.

Bianca Mendes, 17 anos - Foto: Arquivo pessoal


A máscara foi um item que gerou dificuldade no decorrer das provas para os dois jovens. Bianca, por exemplo, precisou trocá-la durante o processo porque não se adaptou ao modelo N95, considerado mais seguro pelos especialistas. Para Matheus, fazer o exame de máscara foi a parte mais difícil.

“Particularmente, como sofro de problemas respiratórios como rinite, sinusite e asma, tenho muita dificuldade de respirar de máscara. Em certo momento, me senti tão sufocado que abaixei a máscara. Não era para ter feito, mas foi uma tentativa de respirar um pouco melhor”, relatou.

Assim como em todo o país, outro ponto em comum entre os dois jovens é que a pandemia de Covid-19 afetou a preparação nos meses antecederam o exame. “Foi bastante dificultoso estudar nesse período já que estava com tantas preocupações e diversas questões de mudança de hábito. Em relação a questão de estudar em casa, com as pessoas em casa, o barulho aumenta. Não é possível ter aquela concentração”, disse Matheus. 

Bianca Mendes precisou se adaptar. “Foi meu primeiro ano depois de concluir o ensino médio e estava com muitas expectativas de fazer cursinho e a rotina que tinha me planejado. Com a pandemia, tive que mudar todos os meus planos em relação aos estudos. No começo era mais complicado porque os professores ainda estavam se adaptando a esse novo modelo. Tudo que estava acontecendo no mundo muitas vezes tirava foco”, contou.