Polícia

Polícia investiga se mulher de promotor foi morta em ritual macabro

Promotor André de Pinho foi denunciado por homicídio

Por Catraca Livre 18/05/2021 18h06
Polícia investiga se mulher de promotor foi morta em ritual macabro
Polícia de MG investiga se mulher de promotor foi morta em ritual macabro - Foto: Reprodução/Web

A falta de sangue no corpo de Lorenza Pinho, 41 anos, faz a polícia trabalhar com a hipótese de que ela pode ter sido assassinada em um ritual macabro. O principal suspeito pelo crime é o promotor André Luiz de Pinho, denunciado pelo Ministério Público por feminicídio.

Reportagem do programa “Fantástico” do último domingo mostrou que os legistas só conseguiram extrair 25 ml de sangue do corpo de Lorenza Pinho para fazer os exames toxicológicos e de dosagem de álcool. A falta de sangue não foi explicada pelo laudo da necropsia.

“Uma mulher normal, de um peso normal, (tem) uma média de cinco, cinco litros e meio de sangue no corpo”, disse o legista Marcelo Mares Castro, à TV Globo.

A reportagem revelou ainda que a polícia encontrou no celular do promotor contatos de cursos de tanatopraxia, técnica de conservação de cadáveres que consiste na troca do sangue por substâncias sintéticas. Em depoimento, ele negou ter feito o curso.

A polícia investiga se o casal frequentava algum culto “religioso”.

Laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que a morte de Lorenza foi causada por asfixia, ação contundente e intoxicação.

Entenda o caso


Lorenza Maria Silva de Pinho foi encontrada morta no apartamento onde morava com o promotor André Luís Garcia de Pinho, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no bairro Buritis, em Belo Horizonte, no dia 2 de abril.

A defesa do promotor sustenta a versão de morte acidental por engasgo.

Feminicídio


O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica.

Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga entre desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a configuração de feminicídio.

Para ser considerado feminicídio, o crime tem que se encaixar em dois tipos de casos:

Violência doméstica ou familiar


Quando o crime resulta ou é praticado juntamente à violência doméstica, o homicida é um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com ela.




Esse tipo de feminicídio é o mais comum no Brasil, ao contrário de outros países da América Latina, em que a violência contra a mulher é praticada por desconhecidos, geralmente com a presença de violência sexual.

homem agredindo uma mulher na presença da filha

Crédito: IStock/@Peopleimages

A violência contra a mulher, muitas vezes, acontece na própria casa da vítima e é praticada por um familiar

Além dos altos índices de homicídio de mulheres, existem ainda muitos casos de estupro e lesão corporal gerada por violência doméstica.

Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher.

Quando o crime resulta da discriminação de gênero, manifestada pela misoginia e pela objetificação da mulher, geralmente com a presença de violência sexual.

Lei do Feminicídio

A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de homicídio o feminicídio.

Também houve alteração na lei que abriga os crimes hediondos (lei nº 8.072/90). Essa mudança resultou na necessidade de se formar um Tribunal do Júri, ou o conhecido júri popular, para julgar os réus de feminicídio.

Alguns setores da sociedade questionam o objetivo de haver distinção entre o feminicídio e os homicídios comuns, mas vale ressaltar que o objetivo dessa diferenciação possui como foco o fato de que vivemos numa sociedade machista.

mulher agredida com o olho roxo atrás de uma foto sua rasgada sorrindo

Crédito: IStock/@photodeti

A Lei do Feminicídio se faz necessária pois, ainda hoje, mulheres são muitas vezes submetidas a relacionamentos abusivos, à violência doméstica e a tratamentos degradantes e desumanos, pelo fato de serem mulheres

Ainda hoje, mulheres são muitas vezes submetidas a relacionamentos abusivos, à violência doméstica e a tratamentos degradantes e desumanos, pelo fato de serem mulheres.

Por isso, a violência e os homicídios decorrentes dessas características são corriqueiros.