Discussão sobre fim de veículos de tração animal em Alagoas chega à ALE
Debate veio à tona após denúncia de maus-tratos animais envolvendo carroça de frete
A discussão sobre a proibição de veículos de tração animal e o trabalho dos carroceiros no estado chegou até a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) durante sessão nesta quinta-feira (10). O debate veio à tona após o titular da Delegacia de Roubos e Crimes Ambientais, Leonam Pinheiro, abrir um abaixo assinado a favor da substituição da tração animal por mecânica.
O abaixo assinado acarretou uma reação imediata da categoria, que bloqueou o cruzamento entre a Rua do Sol e a Praça dos Martírios, no Centro de Maceió, em protesto nessa quarta-feira (09) para chamar atenção para a causa.
Durante a sessão, o deputado estadual Francisco Tenório (PMN) foi quem puxou a discussão. Ele alegou que existem mais de cinco mil trabalhadores que dependem da tração animal só na capital alagoana que ficariam desempregados. Para Tenório, a melhor solução seria cadastrar a categoria para, assim, fiscalizar as condições dos animais.
“Imaginem em outros municípios. No Sertão, usa-se esses animais para buscar água. Essa não é uma ideia bem-vinda e ainda existe a tração humana para catar, papelão, latinha. Essa decisão pode desempregar muitas pessoas. Esses animais seriam soltos nas estradas?”, questionou Tenório.
Na semana passada, o delegado Leonam Pinheiro recebeu denúncia de maus-tratos contra um animal envolvendo uma carroça de frete na capital alagoana. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o delegado explica que a ideia não é acabar com a função, mas substituir a tração animal por tração mecânica.
“O objetivo aqui não é cercear direitos, mas tão somente exigir do Estado políticas públicas capazes de garantir o sustento desses trabalhadores sem comprometer a dignidade dos animais”, escreveu.
Leonam Pinheiro também citou o apoio da deputada estadual Cibele Moura (PSDB) na causa. Em 2019, a parlamentar apresentou uma indicação ao governador Renan Filho (MDB) para que sejam liberados recursos para a implantação em Alagoas do programa “Cavalo de Lata”. O programa seria responsável por auxiliar na criação e distribuição de uma estrutura metálica similar às carroças, mas com uma tecnologia movida à tração humana.
Além de Francisco Tenório, os deputados Davi Maia (DEM), Dudu Ronalsa (PSDB) e Gilvan Barros (PSD) também se pronunciaram contra a possibilidade de substituição.
“Em Maceió, existem ecopontos onde os carroceiros levam o material ser descartado e lá são cadastrados. Precisa virar local de saúde animal, para verificar se a carga está de acordo, também a sanidade deste animal. A gente não pode num momento de pandemia desempregar pessoas. Algumas capitais fizeram propostas como essa, mas não conseguiram tirar os carroceiros das ruas. Não podemos permitir maus-tratos. E essas pessoas devem sim ser punidas. A Prefeitura de Maceió está alerta e deve apresentar um projeto em breve”, afirmou Maia.