Alagoas

Rumo ao Bolshoi: Conheça a história do alagoano que sonha em brihar nos palcos

João participou da pré-seleção e desbancou candidatos que tinham recursos melhores

Por Emanuella Lima* 20/06/2021 08h08
Rumo ao Bolshoi: Conheça a história do alagoano que sonha em brihar nos palcos
João Paulo Timóteo - Foto: Reprodução/Instagram

O alagoano João Paulo Timóteo, de 15 anos, natural de Colônia Leopoldina ,interior de Alagoas, veio para Maceió e mora atualmente na Aldeia do Índio, no bairro do Jacintinho. Apesar de ser um jovem tímido, João Paulo é muito dedicado e conserva o sonho de ser bailarino.

O talento de João chama a atenção de quem o vê dançar. O adolescente contou em entrevista ao Portal 7Segundos, que sempre foi apaixonado pela arte e aos 12 anos sentiu o desejo de dançar. Apesar da falta de recursos, João entrou em contato com um ex-aluno do Ballet Selma Pimentel, mas não conseguiu respostas, foi então que decidiu ir ao espaço de dança e teve ali sua primeira oportunidade.

“A arte sempre chamou minha atenção, mas a dança tinha algo especial, aos 12 anos esse desejo de dançar surgiu. Conheci o Ballet Selma Pimentel através de um ex-aluno nas redes sociais, entrei em contato mas não consegui respostas, então, fui sozinho de bicicleta até o local. Tímido, subindo as escadas, mas algo me dizia que eu estava fazendo a coisa certa”. disse João.

Apesar das dificuldades, o adolescente sabia que naquele lugar ele teria uma chance de fazer algo que mudaria sua história. “Perguntei o valor da mensalidade para minha mestra que falou que eu não precisava pagar nada, só me comprometer e não faltar às aulas”, a proposta foi aceita.


Foi a partir desse momento e com o apoio de sua mãe e da mestra Selma Pimentel que João começou a dar os primeiros passos de sua trajetória. Com muito esforço e dedicação, o bailarino tem uma carga horária intensa e vai às aulas todos os dias como o combinado. “ Sempre chego uma hora antes para me aquecer, quando acaba o horário todos já estão indo para suas residências e, eu acabo ficando para treinar o que aprendi e algumas coisas que preciso melhorar”, acrescentou o adolescente.

Em 2019, João chegou perto de realizar o sonho de estudar na maior escola de Ballet do mundo, a Ballet Bolshoi que possuiu uma filial na cidade de Joinville, em Santa Catarina e viajou pela primeira vez para o Sul do Brasil, para tentar entrar na instituição. No entanto, João era muito novo e não conseguiu ficar no local.


Em 2021, o adolescente decidiu tentar novamente, dessa vez, para participar da pré-seleção, o bailarino precisou enviar um vídeo de apresentação com dez minutos de duração e conseguiu desbancar candidatos que tinham recursos tecnológicos melhores. Com a aprovação, João foi chamado para fazer o teste de seleção.

“Foi tudo muito rápido, quando soube que passei pela segunda vez na pré-seleção do Bolshoi, mas já ciente que não iria participar da seleção no local por conta dos problemas financeiros, meus olhos pareciam não vê saídas , mas decidimos não parar. Conseguimos os recursos e viajamos”, comemorou.

Familiares, amigos e a professora Selma Pimentel, se empenharam para alcançar os recursos necessários para fazer o sonho de João se tornar realidade. Foi feita uma grande campanha nas redes sociais e com a ajuda da imprensa o bailarino conseguiu ir para Santa Catarina e participar da seleção. Mas, o sonho de João precisou ser adiado mais uma vez, pois o bailarino não conseguiu passar.

“Foi uma semana intensa cheia de aprendizados, conselhos que levarei para vida. Sei que algo me conduziu para estar lá novamente, quando vi o resultado confesso que fiquei um pouco arrasado porque havia esperança, mas fiquei feliz porque meu amigo Matheus passou”, compartilhou.


A força e a coragem do menino tímido, dialoga com sua realidade, apesar de não ter conseguido passar para a próxima fase, o bailarino disse que se sente orgulhoso.

“Eu continuo intacto, jamais será motivo de vergonha, mas sim de orgulho. Saber que entre tantos candidatos fui um dos selecionados, para mim é uma honra. Ter oportunidades é um privilégio do ser humano e viver cada segundo é uma dádiva. Não tenho palavras para descrever nada, foi muito incrível a experiência! Com certeza foi uma das melhores viagens até agora, saber que cada pessoa que ajudou e acreditou no meu potencial é surreal. Grato à todos”, finalizou o bailarino.

*Estagiária com Supervisão da Editoria