Relatório aponta Alagoas como o estado mais afetado pela desertificação no Brasil
Estado tem 32,8% da área total afetada pelo fenômeno
O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas apontou que Alagoas é o estado brasileiro mais afetado pela desertificação do solo, com 32,8% da área total afetada pelo fenômeno. O levantamento foi divulgado na segunda-feira (09).
Dentre os que foram mais impactados, oito são da região Nordeste (contando com Alagoas) e um do sudeste. Os demais são Paraíba (27,7%), Rio Grande do Norte (27,6%), Pernambuco (20,8%), Bahia (16,3%), Sergipe (14,8%), Ceará (5,3%), Minas Gerais (2%) e Piauí (1,8%).
Em entrevista à BBC Brasil, o meteorologista, cientista do solo e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Humberto Barbosa, explicou que temperaturas extremas põem em xeque a sobrevivência no Semiárido de micro-organismos que vivem no solo e são cruciais para a existência das plantas.
O professor ainda relatou que, há dois anos, encontrou temperaturas de até 48°C em solos degradados no interior de Alagoas. "A vegetação não crescia mais ali, independentemente se chovesse 500 mm, 700 mm ou 800 mm. Não fazia mais diferença, pois toda a atividade biológica do solo não respondia mais", afirmou ao site.
Humberto é o coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), que desde 2012 monitora a desertificação no Semiárido. A desertificação nesta região foi apontada no relatório do painel de 2019, e apontou que 94% desta área está sujeita à desertificação.
"O agravamento dessas condições climáticas tende a acelerar o êxodo dos moradores rumo a outras partes do Brasil", pontuou.