Um novo estudo, publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, mostrou que pessoas infectadas com a variante delta têm aproximadamente o dobro do risco de hospitalização em comparação com aquelas infectadas com a variante alfa. Foram analisados mais de 40 mil casos de Covid-19 na Inglaterra entre 29 de março e 23 de maio de 2021.

Segundo os pesquisadores, o risco de procurar o hospital para atendimento de emergência ou de ser internado também foi 1,5 vezes maior para quem se infetou com a delta. Além disso, pessoas não vacinadas ou parcialmente vacinadas correm mais riscos de serem hospitalizadas.

“Os achados sugerem que surtos da variante delta provavelmente levarão a uma maior carga sobre os serviços de saúde do que a variante alfa, particularmente em pessoas não vacinadas e outras populações vulneráveis”, alerta o estudo.

O que diz o estudo

Pesquisadores analisaram 43.338 casos positivos de Covid-19 na Inglaterra entre 29 de março e 23 de maio de 2021 (a delta foi detectada no país em março deste ano)

Em todos os casos, amostras do vírus foram submetidas a sequenciamento genômico

80% dos casos foram da variante alfa e 20% da variante delta, A proporção dos casos mudou ao longo das semanas

Os pesquisadores descobriram que o risco de ser internado foi o dobro para quem foi infectado com a delta

Pacientes com a delta eram mais jovens (mediana 29 anos) do que pacientes com a alfa (mediana 31 anos)

Risco de emergência ou internação após infecção com a delta até 14 dias foi 1,5 vezes maior

O estudo confirmou a importância da vacinação: apenas 1,8% das pessoas completaram o esquema vacinal (duas doses). Já 74% não foram vacinados e 24% foram parcialmente vacinados (uma dose)

Gavin Dabrera, um dos principais autores do estudo e epidemiologista consultor do Serviço Nacional de Infecção da Inglaterra, alertou sobre a importância de tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19.

"Já sabemos que a vacinação oferece excelente proteção contra a delta. Como essa variante é responsável por mais de 98% dos casos de Covid-19 no Reino Unido, é vital que aqueles que não receberam duas doses da vacina o façam o mais rápido possível", disse.

Essa também é a opinião de Anne Presanis, autora do estudo e estatística sênior da Unidade de Bioestatística da MRC, Universidade de Cambridge.

"Nossa análise destaca que, na ausência de vacinação, quaisquer surtos delta imporão uma carga maior sobre a saúde do que uma epidemia alfa.

A vacinação total é crucial para reduzir o risco de infecção sintomática de um indivíduo com delta em primeiro lugar e, principalmente, de reduzir o risco de doença grave e internação hospitalar."