Municípios com desigualdades socioeconômicas têm maiores taxas de mortalidade materna
Estudo da Ufal ganhou destaque na revista internacional The Lancet Regional Health, uma das mais prestigiadas do mundo
Um artigo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apontou que os municípios com desigualdades econômicas intensificadas têm taxas de mortalidade materna mais elevadas do que áreas com melhores indicadores de infraestrutura e sociais. O estudo ganhou destaque no periódico internacional The Lancet Regional Health, uma das mais prestigiadas do mundo.
A pesquisa foi coordenada pelo professor do curso de Enfermagem do Campus Arapiraca da Ufal, Victor Santana Santos, e faz uma associação com determinantes sociais de saúde, além de mapear onde estão os maiores índices de casos e mortes por covid-19 entre gestantes e puérperas no Brasil.
Santana explicou que chegou no resultado com dados municipais sobre casos e mortes na população obstétrica, vulnerabilidade social, iniquidades na saúde e capacidade do sistema de saúde. Foram registrados 13.858 casos de covid-19 entre gestantes e puérperas entre março de 2020 e junho de 2021, em 5.570 municípios do país. Neste período, foram 1.396 mortes maternas causadas por complicações da doença.
De acordo com o estudo, os casos e mortes apresentaram uma distribuição geográfica heterogênea, mas localizada especialmente no interior do país. Os municípios com maiores desigualdades socioeconômicas apresentaram taxas de mortalidade materna mais elevadas do que áreas com melhores indicadores sociais e de infraestrutura.
“A identificação das áreas geográficas com maior risco de exposição a resultados adversos deve ser usada para direcionar intervenções para testes em massa, isolamento de casos para mitigar a disseminação da doença, bem como alocar os recursos de saúde necessários para evitar mortes maternas. Além disso, nossos dados corroboram que as mulheres grávidas e puérperas constituem em um grupo prioritário para receber as vacinas da covid-19”, ressaltou o professor.