Pastor da Igreja Batista do Pinheiro critica Braskem, negacionismo e linha tendenciosa das igrejas
Welington Santo agradeceu ao apoio recebido ao longo dos anos para garantir que a igreja fosse protegida
Nesta quinta-feira (7), o 5° Pastor da Igreja Batista do Pinheiro, Welington Santo, participou do programa de rádio Na Mira da Notícia. Durante o bate-papo com o radialista Ângelo Farias, ele falou sobre a igreja ter sido considerada como patrimônio material e imaterial de Alagoas e criticou pessoas negacionistas quanto a vacina e a linha tendenciosa adotada pela maioria das igrejas hoje em dia.
Hoje, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Marcelo Rico, considerou a igreja, que está no bairro do Pinheiro desde 1936, como patrimônio imaterial. Sendo assim, a Braskem, que está associada ao afundamento do solo da região, não poderá demolir a construção. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado.
“Feliz eu não estou, nós estamos aliviados. Estaríamos [felizes] se a gente não tivéssemos vivendo esse pesadelo que, lamentavelmente, se abateu sobre a vida dos nossos cinco bairros, que desestruturou a vida de 60 mil habitantes, que destruiu sonhos, afetos e memórias”, confessou o pastor ao ser questionado sobre o sentimento após a notícia de que a estrutura da igreja estaria protegida por lei.
Apesar da situação, Welington Santo agradeceu ao apoio recebido ao longo dos anos para garantir que a igreja fosse protegida: “não dá para estar feliz, mas [estamos] muito aliviados pelo empenho da Assembleia Legislativa e pela sensibilidade do deputado Ronaldo Medeiros, a quem a gente quer registrar a nossa gratidão, que abraçou a nossa causa, pelo empenho dos movimentos sociais, partidos políticos, universidades, lideranças de vários setores que lançaram manifesto de apoio à nossa comunidade... A memória de luta e de resistência não será apagada”.
O pastor não poupou críticas à empresa do ramo petroquímico ao falar sobre a atual situação do Pinheiro, que acabou se tornando um bairro fantasma já que inúmeras famílias tiveram que deixar suas casas em decorrência à exploração realizada.
“Permanecemos com a estrutura de pé. É um recado para as novas gerações que vale a pena lutar, vale a pena se mobilizar, vale a pena não aceitar o grito e o ‘pé-pesado’ dos poderosos que querem impor suas regras e a gente se cala e aceita. Tem sido assim, diga-se de passagem, os processos com a empresa criminosa Braskem. Ela chega, impõem as condições, se escora no acordo que foi tratado com ela, acordo esse que é muito bom para a empresa e muito ruim para os moradores na maioria absoluta dos casos”, criticou.
Além das críticas feitas em relação à Braskem, o pastor também criticou a linha do evangelho que muitas igrejas vieram adotando de uns anos para cá. “Não corroboramos com esse evangelho que está aí nesse momento mais apaixonado por fuzil, mais apaixonado por negacionismo, do que por feijão e vacina. Nós somos a igreja que caminha na contramão, defendendo o feijão no prato e a vacina no braço”, pontuou.
No início da pandemia do novo coronavírus, a Igreja Batista do Pinheiro fechou suas portas antes mesmo do decreto oficial para garantir a proteção dos fiéis que a frequentam.
As atividades presenciais foram retomadas na segunda quinzena de julho. Apesar das pessoas pensarem que a igreja não está funcionando por estar com as portas fechadas na maior parte do tempo, Santo diz que, “de segunda a sábado tem expediente administrativo, de 8h às 12h”.
Devido a atual situação do Pinheiro, mais conhecido atualmente como ‘O bairro fantasma’, Welington Santo explica que não há condições necessárias para os cultos serem realizados no período da noite. “Quarta de noite a gente faz pelo canal do Youtube da Igreja do Pinheiro e domingo de 10h às 12h... Um sábado ou outro a gente está começando a realizar atividades mais lúdicas e de formação”.
Todos os cuidados contra a Covid-19 para que as atividades presenciais voltassem estão sendo tomados, desde álcool em gel, até a obrigatoriedade de máscara.
“Quem é do Pinheiro e dos bairros atingidos estão vivendo a pandemia do coronavírus, o crime da Braskem e pela ignorância que vem tomando nosso país, mas vai passar”, finalizou.