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Adolescente de 15 anos descobre rara alergia à água: 'chorar dói'

Abigail Beck foi diagnosticada com a alergia em abril, depois de três anos com sintomas e por falar aos médicos que as lágrimas pareciam ácido e o banho doía

Por UOL 16/05/2022 11h11 - Atualizado em 16/05/2022 11h11
Adolescente de 15 anos descobre rara alergia à água: 'chorar dói'
Médicos também não sabem como tratar Abigail, que vive com várias restrições devido à alergia rara - Foto: Reprodução/Facebook

Uma adolescente de 15 anos de Tucson, Arizona (EUA), não consegue chorar, tomar banho ou tomar água normalmente devido à urticária aquagênica, uma condição rara com apenas 100 casos registrados no mundo. Abigail Beck foi diagnosticada com a alergia em abril, depois de três anos com sintomas e por falar aos médicos que as lágrimas pareciam ácido e o banho doía, segundo o jornal norte-americano New York Post.

No início, Abigail achou normal e que fazia parte sentir dor por causa da água, tanto que até questionou a mãe se ela também se sentia assim. "Perguntei à minha mãe recentemente se ela se lembra quando perguntei isso e por que ela não achou que algo estava errado", disse. "Ela disse que achava que era algo que uma criança diria".

A adolescente achava que algo estava errado na água, ou até mesmo que as loções davam reações. Conforme o tempo foi passando, ela viu que tomar banho e nadar viraram tarefas difíceis e doloridas.

Por causa disso, Abigail não bebe água há um ano, pois vomita toda vez e diz que o "gosto é ruim". "Eu vomito se bebo água, meu peito dói muito e meu coração começa a bater muito rápido", disse. Com isso, a adolescente recorre a comprimidos de reidratação, e coisas que "não vão tanta água assim", segundo ela, como energéticos e suco de romã puro.

Mas, nas últimas semanas, ela teve uma reação porque não sabia que uma bebida esportiva tinha mais água que o aceitável para as condições dela. "Eu tive uma reação por cerca de quatro horas em que meu estômago estava com cólicas, meu peito estava doendo e eu estava muito tonta e cansada". 

Outra dificuldade enfrentada por ela é que boa parte dos alimentos e bebidas são justamente compostas por água. "Tenho que verificar os rótulos, mas tudo neste mundo tem água".

No banho, a reação "começa bem leve", porém tudo piora depois, de acordo com Abigail. "Quando tomo banho, começa bem leve, depois fico com uma erupção cutânea e vergões vermelhos, depois se desenvolve uma urticária", disse. "Quando eu saio, a reação realmente começa a acontecer. Eu tenho que secar o mais rápido possível. Eu tenho que deixar a água correr e sair da água enquanto lavo meu cabelo".

A falta de mais informações sobre essa condição a assusta. "Não sei se isso poderia me matar, não me disseram", disse Abigail. "Tenho sintomas que podem fazer meu coração parar, mas ninguém sabe nada sobre a condição, então eles não sabem se meu coração ou pulmões podem parar de funcionar".

Ela contou que teve de educar os médicos sobre a urticária aquagênica, por ser algo extremamente raro. "Eu tive que educar meus médicos sobre minha condição porque eles nunca tiveram que lidar com isso antes", falou.

Abigail relatou que chorar é "uma das piores partes" por queimar o rosto. "Eu choro como uma pessoa normal, e isso dói", disse.

O suor também dói e a chuva preocupa, mas a sorte dela é que não chove tanto em Tucson. "Se estiver chovendo, eu provavelmente não sairia, mas se for preciso, me certifico de estar totalmente coberta com uma jaqueta e três pares de calças de moletom".

Apesar das dificuldades, Abigail tenta se manter de bom humor e está trabalhando em conjunto com um alergista para traçarem um plano de possíveis reações alérgicas quando ela estiver na escola. "Tenho medo de que, se um dia sair do controle, ninguém saberá o que fazer, inclusive eu. Eu nem sei como me ajudar. Tento me manter de bom humor e sei que, se algo acontecer, as pessoas ao meu redor farão o melhor que puderem".

Ela tenta achar outras pessoas nas mesmas condições para ajudá-las. "Fica realmente frustrante. As pessoas me pedem para explicar como funciona e eu posso, mas não posso explicar por que isso acontece porque ninguém sabe ou entende", disse. "Quando digo às pessoas que sou alérgica à água, as pessoas pensam que é absolutamente ridículo e muitas pessoas ficam chocadas com isso. As pessoas sempre apontam que nossos corpos são feitos de água".