Maceió

Moradores acusam síndica de criar “fábrica de multas” em condomínio residencial de Maceió

Administração estaria multando até crianças que conversam na janela do prédio, segundo denúncia

Por 7Segundos 07/06/2022 14h02 - Atualizado em 23/06/2022 10h10
Moradores acusam síndica de criar “fábrica de multas” em condomínio residencial de Maceió
Residencial Antônio Silveira Coutinho - Foto: Reprodução

Um grupo de moradores do residencial Antônio Silveira Coutinho, na parte alta de Maceió, está se organizando para ingressar com uma ação judicial contra a administração do condomínio. Segundo eles, a síndica Karol Dias Alves, responsável legal da gestão, implantou uma “fábrica de multas”.

As penalidades, que variam de acordo com a infração, chegam até o valor de 100% da taxa condominial. No entanto, a principal queixa é que não há advertência verbal ou diálogo antes da aplicação da multa.

Através do grupo de conversas do condomínio, uma moradora disse que foi multada por que o filho estava conversando com um amigo na janela do apartamento. “Já paguei uma bolada de multa. Ainda tenho 2 de R$240,00 cada porque meu filho estava na janela de uma colega conversando. Acredita?”, relatou.

Já outra moradora, chegou a comparar o condomínio com a SMTT. “Multa adoidado! E todo mundo reclamando. Meus vizinhos também receberam. Eu fui multada por conta de uma planta artificial na minha porta que está há 9 anos e agora que falam? Pela misericórdia!”, disse.

Por sua vez, um morador antigo sugeriu situações que poderiam ser adotadas sem mexer no bolso dos moradores, como “avisar ao morador sobre a reclamação e colocar no livro de atas; sendo reincidente, notificar por escrito; e, em seguida, aplicar multa”, sugeriu, alegando que ficar só multando sem fazer uma campanha de conscientização não irá resolver os problemas.

Houve até quem cobrasse uma prestação de contas por parte da síndica. “Além do valor absurdo, precisamos saber onde esse dinheiro [das multas] está sendo aplicado. Acho que é um direito de todos nós”, escreveu. Ele sugeriu que fosse feito um levantamento das multas e divulgado o valor arrecadado.

Há, ainda, aqueles que reclamam da cobrança de taxas extras para a realização de serviços básicos. “Tantas multas e nunca tem dinheiro pra nada. Qualquer conserto gera taxa extra, e o valor do condomínio só aumenta. São multas até por um tênis na janela”, contou.

Já outro morador disse que vai solicitar todos os extratos bancários e notas fiscais de todos os serviços que foram pagos pelo condômino no último ano. “Vou fazer uma comparação de preços. Quero não acreditar que esteja havendo superfaturamento”, suspeitou.

Um dos denunciantes reclamou que a síndica é ausente e não responde aos questionamentos feitos por inquilinos, além de favorecer amigos. “Ela disse que só responde a proprietários. Outra coisa revoltante é que ela fica privilegiando e fazendo vista grossa para quem é amigo dela. Ela se utiliza da função de oficial da PM para intimidar quem a contrária”, relatou um morador que garantiu fazer denúncia na corregedoria da Polícia Militar.

Todas as citações presentes na matéria são comprovadas através de prints do diálogo realizado no grupo do condomínio. A reportagem tentou contato telefônico com a síndica Karol Dias Alves, mas o porteiro informou que não tem autorização para passar o contato da representante legal do residencial.

Segundo Leandro Almeida, diretor do Procon Maceió, as reclamações em condomínio estão  ligadas ao Código Civil, então são resolvidas via Justiça ou pela Defensoria Pública, em câmaras de reconciliação. Ele também alertou que as multas, seus tipos e sanções devem constar no estatuto do condomínio, aprovadas em assembleia.

Karol Dias procurou o 7Segundos, e respondeu sobre as acusações, que podem ser lidas aqui.