É normal ter tesão em si mesmo? Entenda a autossexualidade
A autossexualidade define as pessoas que, além de sentirem tesão por si próprias, muitas vezes não conseguem sentir por outras pessoas
Quem nunca se achou atraente ao se olhar no espelho ou mesmo se ver em uma foto ou vídeo que atire a primeira pedra. Apesar de ser comum gostar do que se vê quando se está com a autoestima em dia, há quem vá além e não só tenha verdadeiro tesão por si mesmo, como não o consegue ter por outras pessoas.
O termo autossexualidade designa a orientação sexual de pessoas que não têm tesão por nada nem ninguém que não elas mesmas. De acordo com a psicóloga e sexóloga Luísa Miranda, esse movimento pode ser reflexo da castração social.
“Vivemos em uma sociedade na qual fica difícil entender se isso, de repente, não é uma autodefesa, principalmente no caso das mulheres, que são muito castradas. Vincular o sexo ao outro, para muita gente, não é tão fácil. Logo, o fato do meu prazer ser mais intenso comigo mesma do que com outras pessoas pode se relacionar com essa dificuldade”, explica.
Nesse sentido, a autossexualidade seria um lugar de segurança, partindo do mesmo princípio de que é muito difícil ser com o outro a mesma coisa que se é sozinho(a). “É o tal do ‘o que fazemos quando não tem ninguém olhando’”, completa.
Orientação não é só sexo
Para além de ser questionável o contexto em que surge a autossexualidade, a especialista ressalta: orientação sexual não é apenas sobre sexo. “O termo correto e completo é orientação afetivo sexual, ou seja, só ter tesão não basta para ser hétero, bi, homo ou pan; junto disso vem toda a questão afetiva e romântica”, elucida.
Ainda que a atual discussão sobre sexualidade seja válida e importante, a psicóloga alerta para que as pessoas, ao tentarem se entender, não se limitem. “É interessante se autoquestionar, mas somos seres muito complexos e nos colocar em ‘caixinhas’ pode acabar nos limitando”, afirma.
Por fim, a autossexualidade não está ligada a uma autoestima alta e saudável, mas é importante ressaltar que uma boa vida sexual – consigo mesmo(a) ou com parcerias – está ligada diretamente à autoestima.
“Nossa sexualidade sempre está vinculada à forma com que nos vemos, não só visualmente. Quando me sinto melhor comigo mesma, tendenciosamente tenho mais prazer comigo e com o outro também”, garante.