Rodas de rap em quilombo mudam realidade de adolescentes socioeducandos
Encontros ocorreram no quilombo dos Palmares, no município de União dos Palmares
Uma psicóloga alagoana está desenvolvendo uma tese de mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre o impacto de rodas de rap ocorridas em quilombos de Alagoas para adolescentes socioeducandos.
Mestranda do programa de pós-graduação em psicanálise: clínica e cultura, Jéssica Michelle dos Santos Silva começou a desenvolver o estudo em Alagoas como um projeto de pesquisa no ano de 2018. Depois, o transformou em Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e, em seguida, na sua tese de mestrado.
As Rodas de Rap são um dispositivo de pesquisa e intervenção desenvolvidos pelo NUPPEC (CNPq) – Núcleo de Pesquisa em Psicanálise, Educação e Cultura - sob coordenação da orientadora de mestrado, Rose Gurki.
Ao todo, foram vinte encontros envolvendo 17 jovens reclusos com rodas de conversa e música que ocorreram na sede da Socioeducação e no Quilombo dos Palmares, no município de União dos Palmares.
O objetivo da pesquisa é investigar se os encontros funcionam como um caminho de elaboração do sofrimento sociopolítico de jovens negros que vivem em situação de violência e vulnerabilidade.
“Quando pisamos no quilombo, um dos adolescentes me perguntou se Zumbi Palmares tinha estado lá. Eu respondi que ela havia morado e liderado ali. Então, ele tirou as sandálias e disse que estava pisando no mesmo chão que Zumbi. Essa fala trouxe os agentes para a conversa. Depois, estavam todos sentados conversando e compartilhando experiências raciais. A maioria dos agentes também são negros”, contou Jéssica Michelle.
De acordo com ela, através das vivências levantadas por meio das letras de rap, os jovens começaram a trazer questões políticas. As pesquisadoras acreditam que a música cumpre uma função ético-política de resistência, já que as letras versam sobre a realidade psico-social deles.
“Essa coisa do sou bandido e vou morrer bandido começar dar lugar a um entendimento de que suas escolhas tem influência. Eles começaram a pensar no saneamento básico, lazer, e na estrutura que existe, por exemplo, no bairro da Ponta Verde, mas não na favela. Um deles se perguntou qual a função da ressocialização na política socioeducativa 'o que significa ressocializar o que nunca esteve socializado?'".
Segundo a orientadora Rose Gurki, dentro do mestrado, a pesquisa também tomou outro caminho. "A realização das Rodas oferece a possibilidade de rememorar a história deste local e de seus protagonistas para as gerações atuais já que, no período escravocrata, os Quilombos foram fonte de organização sociopolítica e de sobrevivência física e psíquica dos negros escravizados”.
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