Autor de ataque em escola em São Paulo chega à Fundação Casa
Adolescente de 13 anos esteve no Instituto Médico Legal (IML), após ser ouvido no 34° Distrito Policial da Vila Sônia
O aluno que matou uma professora na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, foi internado, nesta segunda-feira (27), na unidade da Fundação Casa do Brás, na região central. Antes, ele esteve Instituto Médico Legal (IML).
Na terça-feira (28) ele deve ser ouvido pela Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Em seu depoimento no 34° Distrito Policial da Vila Sônia nesta segunda-feira, o jovem chamou atenção por sua frieza. Segundo o delegado Marcos Vinícius Reis, o menor “não demonstrou muita emoção” durante o depoimento. Ele falou na presença dos pais e de advogados e admitiu ter cometido os ataques.
Os policiais foram até a casa do rapaz, onde localizaram uma pistola de pressão conhecida como airsoft, além de máscaras e bilhetes – cujo conteúdo não foi divulgado.
O delegado informa que a motivação do crime ainda não está clara. “Os investigadores precisam ouvir mais pessoas, verificar os bilhetes apreendidos e o material da internet. Querem entender o que aconteceu antes, o que motivou, quais brigas aconteceram.”
O ataque
O caso ocorreu por volta das 7h30 desta segunda. A vítima fatal era a professora Elisabeth Tenreiro, 71 anos. Segundo testemunhas, ela fazia a chamada no momento em que foi atacada pelas costas, sem chance de defesa. Entre os quatro feridos estão três professoras e um aluno, que não correm risco de morte.
Uma professora de Educação Física foi responsável por imobilizar o garoto e interromper o ataque. Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que a professora se aproxima do agressor enquanto ele esfaqueia outra mulher numa sala de aula.
Boletim de ocorrência
A CNN teve acesso a um boletim de ocorrência registrado no dia 28 de fevereiro pela Escola Estadual José Roberto Pacheco, de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, no 1º Distrito Policial da cidade.
No documento, está escrito que o jovem estava “apresentando um comportamento suspeito nas redes sociais, postando vídeos comprometedores como, por exemplo, portando arma de fogo, simulando ataques violentos”.
“O aluno encaminhou mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp a alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos”, complementa o boletim.
A Secretaria de Educação do estado informou que, na época, as informações foram repassadas ao Conselho Tutelar e a Vara da Infância e da Juventude.
Comportamento agressivo dentro de casa
Ele apresentava comportamento agressivo dentro de casa pelo menos desde a última semana, segundo um relato da mãe do próprio rapaz. “Ela não esperava que o filho fosse capaz de tomar uma atitude dessas”, disse Amadeus França, advogado da família da professora Elisabeth Tenreiro, assassinada pelo jovem.
Segundo França, a mãe “está muito abalada” e planejava ter uma conversa com os filhos ainda nesta segunda-feira para entender o comportamento do primogênito. Ela contou que, na semana passada, ele acordou um dia, viu o irmão tomando café e, sem motivo aparente, deu um soco na cara dele. “Eu estou estressado, por isso”, justificou.
O adolescente ainda teria reclamado para os pais que estava sofrendo bullying na escola.
França foi aluno da “Bethinha”, como Elisabeth era conhecida, há mais de 30 anos. Segundo ele, a professora teria interrompido a aposentadoria e começado a lecionar no colégio este ano porque sentia que “precisava contribuir com a sociedade de alguma forma”.
A família de Elisabeth está abalada e surpresa com o acontecido. Eles ainda aguardam a liberação do corpo.
(*Publicado por Douglas Porto com informações de Bianca Camargo e Mathias Brotero, da CNN, e do Estadão Conteúdo)