Mounjaro: Entenda a nova substância e quais os controles que as pessoas devem ter ao usar
A Anvisa aprovou o medicamento contra a diabetes tipo 2

Nesta segunda-feira (25), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o Mounjaro, um medicamento contra a diabetes tipo 2. Essa aprovação libera no país a venda da substância que será um concorrente do Ozempic, Victoza e da Saxenda.
Com a autorização da Anvisa, vai ser permitida a comercialização após 90 dias de espera, nessa espera a empresa norte-americana Eli Lilly tem que divulgar para a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) com que valor será comercializado no país.
A Eli Lilly será a concorrente da dinamarquesa Novonordisk, fabricante do Ozempic e que já comercializa análogos do GLP-1 desde 2009. No Brasil, desde o início do ano o Ozempic na dose de 2,4mg também já foi autorizado para o controle da obesidade, os médicos podem utilizar para o tratamento para pessoas a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) 30.
O Mounjaro, da substância ativa tirzepatida, inicialmente só é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, que não esteja sendo bem controlado. Ainda não é um medicamento indicado para o tratamento da obesidade.
O farmacêutico Deyvison Santos, do Grupo de Trabalho de Farmácia Clínica do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas falou sobre a nova substância: “A substância tem comprovação em, pelo menos, dez estudos e em alguns mais especificamente dá para evidenciar a superação do Ozempic, então todo mundo está empolgado e esse o que a gente está achando o melhor medicamento do mundo com efeito mais acentuado do tratamento de diabetes e nos desfechos terapêuticos, como a redução da glicose no sangue e a redução de peso como coadjuvante”.
A substância tirzepatida
A tirzepatida é o princípio ativo do Mounjaro, indicado para o tratamento de adultos com diabetes mellitus inadequadamente controlada por outras terapias convencionais. Além de ser considerado um coadjuvante na dieta e no exercício físico para acelerar a perda de peso, apesar de ainda não ser aprovado no país para essa situação de sobrepeso e obesidade.
O farmacêutico Deyvison Santos explicou sobre a aprovação da substância para a perda de peso: “Muito provavelmente ele vai ser usado como off label ou vamos aguardar o que aconteceu com o Ozempic, agora em janeiro de 2023, que foi uma autorização da Anvisa para o uso também da obesidade”.
Da mesma forma, o Mounjaro pode ser usado como monoterapia, usando somente o medicamento quando a metformina (tratamento inicial de diabetes tipo 2) não for adequada ou tolerada pelo paciente. Também pode ser usada associada com outros medicamentos, tendo a cautela com a hipoglicemia, que seria a redução muito acentuada da glicose no sangue.
O diferencial da substância é que o mecanismo de ação dela é duplo, não existe uma substância com ação semelhante no mercado, as substâncias da Novonordisk age somente no GLP-1 (Peptídio-1 semelhante ao glucagon), já o Mounjaro age tanto nos receptores de GLP-1 quanto no GIP (Polipeptídio Insulinotrópico dependente de Glicose).
Os outros remédios agindo só em GLP-1 já eram capazes de aumentar a secreção de insulina dependente da glicose na corrente sanguínea e nos tecidos, já reduzia a secreção de glucagon, já retardava o esvaziamento gástrico e aumenta a saciedade. A diferença para com o receptor GIP é que essas funções são potencializadas.
Resultado dos estudos
Para buscar a liberação das agências regulatórias, a empresa Eli Elly realizou dez estudos clínicos, que envolveram mais de 19 mil pacientes de várias partes do mundo (inclusive do Brasil). Um desses testes, conhecidos pela Surpass-2, avaliou 1,9 mil pacientes adultos com diabetes tipo 2 e comparou o Mounjaro (em diferentes dosagens) ao Ozempic (semagutida 1mg). Evidenciando uma eficácia acentuada da nova molécula.
O estudo Surpass-2 foi apresentado em 2022, no congresso da Associação América de Diabetes. Foi realizado com 1900 voluntários que tomaram diferentes doses de tirzepatida e comparando com o Ozempic (semaglutida) 1mg.
Entre os voluntários que tomaram a versão de 15mg do Mounjaro, 51% deles conseguiram atingir uma hemoglobina glicada (HbA1c) inferior a 5,7%. Essa mesma meta foi atingida por 20% dos participantes que usaram o Ozempic.
A hemoglobina glicada é um exame de sangue, no qual é feito a coleta de uma amostra de sangue do paciente com diabetes, esse exame é realizado em um intervalo de 3 meses e o resultado é uma média média da concentração de açúcar no sangue nos últimos 3 meses. Os médicos usam para dar o diagnóstico de diabetes e pré-diabetes.
As métricas da hemoglobina glicada de um paciente adulto sem a diabetes é menor que 5,7%, já para pré-diabéticos é de 5,7% a 6,4% e para já diabéticos é maior ou igual a 6,5%. A meta para os portadores de diabetes tipo 2 é menor que 7%.
O mesmo teste clínico revelou que 92% dos voluntários tratados com o Mounjaro de 15mg conseguiram ficar com uma HbA1c abaixo de 7%, que é o nível recomendado pelas diretrizes médicas para um controle adequado do diabetes.
O estudo do Surprass-2 mostrou que em 40 semanas a hemoglobina glicada pode diminuir de 2% até 2,3% usando o Mounjaro e usando o Ozempic 1,86%. Além disso, com o Mounjaro, em 16 semanas a hemoglobina glicada cai para menos de 7% que é a meta exigida pelos médicos para os diabéticos do tipo 2, já com o Ozempic essa meta é só alcançada em 24 semanas.
Segundo Deyvison Santos, os resultados comprovam a eficácia do medicamento “Como ele atingiu metade do público para ficar dentro do normal, não é nem portador de diabetes, é como se fosse uma pessoa normal, a sociedade médica considera ele o mais potente que tem até o momento no mercado para o tratamento da diabete tipo 2”.
Em relação a perda de peso
Segundo o estudo Surprass-2, os pacientes que usaram a tirzepatida perderam 12,4 quilos, em média. Os pesquisadores calculam que isso é o dobro do observado com a semaglutida. Tudo isso foi analisado no período de 40 semanas. No entanto, ainda não é um remédio indicado a isso, apesar da tendência ser se tornar um remédio off label ou seguir o mesmo destino do Ozempic e ser aprovado também para a perda de peso.
Contudo, o farmacêutico Deyvison Santos destaca que não é um remédio para todos os pacientes “Essas informações deixam tanto a classe médica feliz como os pacientes que têm sobrepeso e obesidade mas não é um remédio para qualquer pessoa, é para pessoas que têm dificuldades com o tratamento convencional e pessoas que vão ser acompanhados por médicos ou profissionais de saúde por causa dos efeitos colaterais que surgem e vão surgir”.
Efeitos colaterais
Os principais efeitos colaterais são náuseas, diarreia, vômitos e dores abdominais, sendo as náuseas o mais relatado entre os pacientes. Os efeitos adversos mais graves foram observados nessa substância, mais acentuados no Mounjaro do que no Ozempic. E por isso, existem várias doses do remédio, 2,5mg, 5mg, 7,5mg, 10mg, 12,5mg e 15mg, todas são injetáveis e de aplicação semanal.
Existem também outros efeitos adversos mais raros como pancreatite aguda, hipoglicemia (quando associada com outros medicamentos secretagogos) e também o aumento discreto da frequência cardíaca.
“Apesar dos efeitos adversos, os estudos são muito robustos que são suficientes para que a sociedade brasileira de diabetes e a Anvisa considerem a comercialização no nosso país”, salientou o farmacêutico.
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