Estados Unidos vetam proposta de cessar-fogo do Brasil em Conselho de Segurança da ONU
Estados Unidos e Israel são aliados históricos; Israel e Hamas trocaram acusações sobre autoria de explosão em hospital, que matou pelo menos 500 pessoas
Os Estados Unidos, aliados de Israel, veteram nesta quarta-feira (18/10) um texto proposto pelo Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Doze países votaram a favor da proposta brasileira, entre eles China, França e Emirados Árabes Unidos.
Dois países, Rússia e Reino Unido, se abstiveram na votação.
O Brasil propôs uma pausa humanitária no conflito entre Israel e o Hamas. O conflito já matou mais de 5 mil pessoas - cerca de 4 mil palestinos e 1,3 mil iraelenses durante o ataque do Hamas no dia 7 de outubro.
Porém, para qualquer proposta ser aprovada no Conselho de Segurança da ONU, ela precisa de pelo menos nove votos dos 15 países membros do órgão.
Também não pode ter nenhum veto. Apenas cinco países têm esse direito de vetar um texto: Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França.
Por causa desse dispositivo, o veto americano fez com que a proposta do Brasil fosse rejeitada.
Já em Israel, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou nesta quarta-feira (18/10) ao país e se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Os dois países são aliados históricos. Israel recebeu mais ajuda externa dos EUA do que qualquer outro país desde a 2ª Guerra Mundial — no ano passado, foram destinados mais de US$ 3,3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) em recursos.
Biden renovou a promessa de apoio a Netanyahu e disse que o ataque na noite de terça-feira (17/10) ao hospital em Gaza "parece" ter sido causado "pelo outro time", em alusão ao Hamas, grupo militante palestino que controla a Faixa de Gaza.
O presidente americano acrescentou que está "profundamente triste e indignado" com o incidente.
"Com base no que vi, parece que foi feito pelo outro time, não por você. Mas há muitas pessoas por aí que não têm certeza, então temos que superar muitas coisas", disse Biden.
Já Netanyahu falou que "o mundo civilizado deve unir-se para derrotar o Hamas", da mesma forma que fez quando enfrentou o ISIS (grupo autodenominado Estado Islâmico).
"Vamos derrotar o Hamas e eliminar esta terrível ameaça das nossas vidas", acrescentou o premiê israelense, dizendo que não é apenas para o bem do seu país, mas para o bem de todos.
Ele chamou Biden de "verdadeiro amigo" e elogia sua decisão "profundamente comovente" de visitar Israel durante a guerra.
"Sei que falo pelo povo de Israel quando digo obrigado", acrescentou Netanyahu, antes de Biden começar a falar.
Israel sustenta que a explosão foi causada por um foguete disparado por militantes palestinos.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), evidências indicam que um foguete da Jihad Islâmica, grupo extremista aliado ao Hamas, disparado de um cemitério, caiu no estacionamento do hospital.
Já o Hamas, as autoridades palestinas e outros países árabes culpam Israel pela explosão, que teria matado 500 pessoas.
Israel vem realizando ataques aéreos contra alvos em Gaza desde os ataques do Hamas em 7 de outubro.
O IDF afirma que, desde então, pelo menos 450 foguetes foram disparados do território.
A explosão no hospital mudou completamente o cronograma da viagem de Biden.
O presidente americano deveria viajar para a Jordânia após se encontrar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu; ali se reuniria com o rei Abdullah, da Jordânia, o presidente Abdul Fattah al-Sisi, do Egito, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
No fim da noite de terça-feira(17) , no entanto, o chanceler da Jordânia disse que a reunião só poderia ser realizada quando as partes concordassem em acabar com a "guerra e os massacres contra os palestinos", culpando Israel pela explosão no hospital.