Trabalho de cuidado pode sobrecarregar e adoecer mulheres; entenda questão
7Segundos entrevistou a psicopedagoga Patrícia Dantas sobre o assunto
Algumas profissões são conhecidas pelo trabalho de cuidado, como psicólogos, enfermeiros, cuidadores. No entanto, há um trabalho de cuidado quase invisível. Pessoas, principalmente mulheres, que realizam atividades de cuidado não remuneradas dentro de suas casas.
São mulheres que cuidam sozinhas da criação dos filhos, de entes queridos doentes, afazeres domésticos e outras questões. O 7Segundos conversou sobre o assunto com a psicopedagoga Patrícia Dantas.
Ela atribui alguns fatores ao tema estar em alta: ter sido tema da redação do Exame Nacional em 2023, 'invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher'; e um projeto de lei sobre o assunto que tramita no Congresso Federal. O PL prevê que a dedicação das mães à criação dos filhos pode ser contada como tempo de serviço para efeitos de aposentadoria.
“Esse trabalho, geralmente, é invisível. As pessoas não percebem que a mulher acaba tendo uma jornada dupla de trabalho, quando ela faz o trabalho remunerado através de suas profissões e tem que continuar o trabalho em casa, com a família. Esse trabalho precisa ser visto e valorizado”, explicou.
Confira a entrevista completa:
Por que o trabalho de cuidado geralmente recai sobre essas mulheres?
“Na nossa sociedade há uma divisão de atribuições e tarefas entre homens e mulheres. Nessa divisão social de trabalho, de atribuições do dia a dia, a mulher ficou com o trabalho do lar, com o trabalho doméstico, com o trabalho de cuidado da família. E esse trabalho de cuidado é um trabalho designado socialmente de uma forma que vem se repetindo na estrutura social, de modo que as pessoas acabam nem percebendo, simplesmente vão reproduzindo porque sempre foi assim”.
Que tipos de doenças essa sobrecarga pode acarretar?
“Ela cuida primeiro dos filhos, depois do marido, da casa. Com isso, ela vai se deixando em último lugar. Essas mulheres acabam, com essa sobrecarga física e emocional, adoecendo. E aí existem vários tipos de doenças, desde voltadas às questões de musculares, fisiológicas, como as emocionais, devido ao estresse. A sobrecarga é invisível, só é visível quando ela deixa de fazer, aí ela é cobrada.
E quanto a cobrança e a culpa?
“Uma outra questão é a diminuição da cobrança da mulher. É preciso entender que a mulher não é uma super mulher, não é uma super mãe. É uma pessoa comum, com capacidades comuns de sobrevivência, que tem que dar conta de muita coisa. Há uma cobrança de que a mulher mantenha-se fisicamente bem, esteticamente bem, apresentável para a sociedade. Mas também existe, em contrapartida, a cobrança de que ela não deixe de dar atenção, de cuidar de nada da família, dos filhos, da casa, do marido. Muitas mães acabam desenvolvendo um sentimento de culpa”.
O que pode ser feito para tornar esse trabalho mais coletivo?
“Primeiro, uma mudança nessa perspectiva de que só mulher é capaz de cuidar. O trabalho de cuidar é um trabalho que pode ser realizado por homens e por mulheres. Enquanto esse trabalho não for igualmente dividido, vai sempre haver uma sobrecarga. A gente precisa educar os jovens; as crianças que estão em crescimento, em desenvolvimento, ensinando a elas que elas são capazes de cuidar da família. Ensinar que a questão de gênero não vai interferir na situação de cuidado”.
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