Psiquiatra do Hospital Escola Portugal Ramalho alerta sobre uso excessivo de telas
Hábito indisciplinado pode alterar o funcionamento e a estrutura do cérebro, segundo Audenis de Aguiar Peixoto

Como qualquer atividade realizada em excesso, o uso exagerado de telas pode abalar a saúde mental das pessoas. A afirmação é do médico psiquiatra Audenis de Aguiar Peixoto, do Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), unidade assistencial da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).
A exposição exagerada, segundo o psiquiatra, pode favorecer o desenvolvimento de sintomas ansiosos e depressivos, sobretudo quando há a necessidade de distanciamento das telas. Além disso, a utilização indiscriminada pode provocar inquietação, cefaleia, tristeza, irritabilidade, déficit cognitivo e de comunicação, que podem sugerir a necessidade de uma abordagem profissional.
Para evitar danos à saúde mental, Audenis de Aguiar Peixoto esclarece que é preciso moderação. De acordo com o médico, o tempo de exposição às telas vai variar conforme diversos fatores, como, por exemplo, a idade do usuário. Para o psiquiatra, o fundamental é buscar equilibrar o uso com outras atividades.
“Essa recomendação deve considerar aspectos individuais. O que não pode acontecer é uma criança de dois ou três anos de idade, por exemplo, usar três horas de tela por dia; um adolescente ou um adulto usar mais de sete horas em um dia, que é o que os dados atuais mostram. O excesso adoece”, evidencia o médico, complementando que comportamentos exagerados podem não somente comprometer a saúde mental, como implicar na postura, no sono, na capacidade visual e em outros sistemas.
De acordo com Audenis Aguiar Peixoto, a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda que crianças menores de dois anos sejam expostas a telas. “Os prejuízos do uso precoce de telas vão desde o risco do vício ao isolamento social, ao déficit de comunicação, aos prejuízos afetivos, problemas comportamentais, birra, problemas físicos, visuais, prejuízo no rendimento escolar, problemas alimentares e do sono, obesidade, entre tantos outros que envolvem a saúde física e mental dessa criança”, ressalta.
Uma das consequências do uso excessivo de telas pode ser o desenvolvimento da nomofobia, que é o medo de ficar longe do celular. Apesar dessa fobia ser comum entre os jovens, Audenis de Aguiar Peixoto enfatiza que este perfil também tem crescido nos idosos ao longo dos últimos anos.
“Segundo os estudiosos do assunto, os idosos foram estimulados a utilizar telas, sobretudo por se sentirem abandonados em uma época em que, mesmo quando juntos, os mais jovens preferem os celulares a uma boa conversa presencial”, aponta o psiquiatra, lembrando que o uso de telas aumentou bastante depois da pandemia da Covid-19.
O médico psiquiatra alerta que a população deve estar atenta e procurar auxílio profissional ao se deparar com essa dependência. “O portador dessa situação evita outras atividades, sente-se preso ao aparelho, vive em uso constante dele, muitas vezes nas horas de refeições, estudos e até de dormir. Isola-se e prefere ficar em casa, em seu ‘cantinho’”, reitera o médico, despertando que o hábito indisciplinado das telas pode alterar, inclusive, o funcionamento e a estrutura do cérebro.
Audenis de Aguiar Peixoto recomenda que, pelo menos meia-hora antes de dormir, deve-se evitar o uso de telas. “Isso faz parte da própria higiene do sono. A produção de melatonina parece diminuir com o uso de tela até mais tarde, prejudicando o início do repouso”, conclui.
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