Mestre do Patrimônio Vivo, Canarinho de Alagoas morre aos 78 Anos
Mestre da cultura popular deixa um legado imensurável como trovador, repentista e embolador
O trovador, repentista e embolador Antonio Salvador de Souza, conhecido como Canarinho de Alagoas, morreu na madrugada deste sábado (13), aos 78 anos, em decorrência de um câncer. O mestre, reconhecido como Patrimônio Vivo em agosto de 2012, deixa um legado imensurável na cultura alagoana.
Nascido em Limoeiro de Anadia, Canarinho de Alagoas começou sua carreira nas feiras das cidades e no Centro de Maceió, encantando a todos com sua habilidade no dedilhar das cordas do violão e no ritmo do pandeiro. Ele foi uma figura central nas praças e feiras do estado por mais de 50 anos, sendo carinhosamente apelidado de Canarinho das Alagoas.
A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, lamentou a perda do mestre. “Canarinho de Alagoas foi um ícone da cultura popular alagoana. Sua voz poderosa e seu talento para improvisar nos versos de repente e nas emboladas deixaram uma marca indelével em todos que tiveram o privilégio de ouvi-lo. Perdemos um grande artista, mas seu legado viverá para sempre em nossas memórias e na tradição que ele tão bem representou”, falou.
Canarinho de Alagoas começou sua jornada musical incentivado pelo pai, que lhe deu um cavaquinho. No entanto, foi com a viola que ele se identificou, aprendendo a cantar observando outros cantadores quando era criança. Com sua habilidade de improviso e voz marcante, ele se destacou em desafios, martelos, galopes à beira-mar e outros tipos de cantoria de viola.
Antonio Salvador de Souza, o Canarinho das Alagoas. Foto: reprodução/acervo Secult
Além de sua atuação como cantador, Canarinho também participou por mais de 20 anos como palhaço em vários grupos de guerreiros no estado, levando alegria e cultura para diversas regiões. Ele sempre recebeu convites para participar dessas atividades, chegando a viajar pelo Sertão inteiro.
A tradição do improviso ultrapassou gerações em sua família, com três de seus filhos seguindo os passos do pai e mantendo viva a profissão de cantadores.
“Fico orgulhoso em poder ver que meus filhos continuam essa tradição da cantoria. Espero que isso ajude a nunca se acabar”, disse o mestre em uma de suas entrevistas.
“Canarinho de Alagoas era um grande poeta, uma verdadeira barragem de talento. Na embolada, no pandeiro, na viola, ele se destacava pela sua criatividade. Tudo o que ele cantava era de autoria própria, fruto de sua inventividade. Ele era um verdadeiro mestre, pois não apenas aprendeu a arte, mas também ensinou e criava suas próprias canções, mostrando sua genialidade. Ele tinha uma bagagem imensa de conhecimento e era muito bom nos desafios. Um grande batalhador e animador das feiras de Alagoas e de todo o Brasil. Quando chegava com aquele pandeiro, arrancava risadas de todos. Era impressionante”, disse o mestre do Patrimônio Vivo João de Lima.