Polícia

Organização furtava medicamentos para câncer e vendia para donos de farmácias

Faxineiros de unidades de saúde eram cooptados pelo líder da quadrilha

Por Tais Albino e Juliana Leandro 01/08/2024 12h12 - Atualizado em 01/08/2024 13h01
Organização furtava medicamentos para câncer e vendia para donos de farmácias
Detalhes sobre atuação da organização criminosa foram repassados em coletiva - Foto: Marcos Sousa / Rede Antena7

Nove pessoas foram presas durante a operação contra a organização criminosa suspeita de furtar medicamentos de unidades de saúde de Maceió. A maioria dos medicamentos era rara, cara e tinha como destino final proprietários de farmácias e distribuidoras.

A Operação Overdose foi deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na manhã desta quinta-feira (1°). Dos nove presos, seis foram em flagrante por estarem em posse dos medicamentos furtados. Nenhum dos alvos da operação é servidor público. A informação foi repassada durante coletiva de imprensa.

De acordo com as investigações, funcionários que trabalhavam para o Estado de forma terceirizada — principalmente da área de limpeza — furtavam os medicamentos. O material era repassado para receptadores intermediários e seguia para o líder e mentor da organização criminosa. Ele é um dos presos da ação.

O líder tinha o papel de repassar para os receptadores finais, entre eles, proprietários de farmácias e distribuidoras de medicamentos. Um deles remetia parte do material furtado para São Paulo.

A organização criminosa focava em medicamentos para tratamento de doenças raras e graves, especialmente doenças oncológicas. Um dos medicamentos contrabandeados pelos criminosos custa cerca de R$ 23 mil. Por isso, a Farmex, Farmácia de Medicamentos Excepcionais, era um dos alvos.


Investigação

As investigações da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) tiveram início no mês de março, depois de informações repassadas por fontes de inteligência. Pequenos furtos ocorriam em unidades de saúde e, ao decorrer, o líder da organização começou a cooptar funcionários terceirizados da limpeza para fazer esses furtos para ele.

De acordo com o delegado Igor Diego, há a tipificação do crime de furto qualificado pelo abuso de confiança porque as pessoas trabalhavam nas unidades; os que estavam recebendo vão responder por receptação, organizações criminosas, além do crime contra a Saúde Pública por adquirir medicamentos de pessoas sem autorização.

Não foi apurado se o controle externo hospitalar notou divergência na quantidade de medicamentos por causa dos furtos. As investigações continuam.