Economia

Dólar cai 1%, a R$ 5,51, com expectativa sobre juros no Brasil e nos EUA; Ibovespa sobe

Nos últimos quatro dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,55%

Por Istoé Dinheiro com Reuters 16/09/2024 18h06
Dólar cai 1%, a R$ 5,51, com expectativa sobre juros no Brasil e nos EUA; Ibovespa sobe
Dólar fecha em queda, a R$ 5,51 - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O dólar à vista emplacou a quarta sessão consecutiva de queda no Brasil nesta segunda-feira, se reaproximando dos R$ 5,50, numa sessão marcada pela baixa da moeda norte-americana também no exterior, em meio ao aumento da expectativa por um corte mais agressivo de juros nos EUA nesta semana e à divulgação de dados fracos sobre a economia chinesa.

O dólar à vista fechou em baixa de 1,01%, cotado a R$ 5,5111. Nos últimos quatro dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,55%.

Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,98%, a R$ 5,5190 na venda.

O Ibovespa fechou com uma alta discreta nesta segunda-feira, assegurada pelo avanço de Petrobras em dia de alta do petróleo no exterior, enquanto Embraer representou um peso negativo relevante, caindo mais de 5% após decepção com o desfecho de arbitragem com a Boeing.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com acréscimo de 0,18%, a 135.118,22 pontos, tendo alcançado 135.715,1 pontos na máxima e 134.869,97 pontos na mínima do dia.

O volume financeiro somou 15,78 bilhões de reais, abaixo da média diária de R$ 23,48 bilhões no ano e até da média reduzida de 18,65 bilhões de reais de setembro, com agentes em modo espera para as decisões de juros principalmente dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil na quarta-feira, 18.

O dólar no dia

No fim de semana, a China informou que sua produção industrial em agosto aumentou 4,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, o menor crescimento desde março. O número ficou abaixo da expectativa de crescimento de 4,8% em agosto, conforme pesquisa da Reuters com 37 analistas.

Já as vendas no varejo chinês subiram 2,1% em agosto, desacelerando ante o aumento de 2,7% em julho. Analistas esperavam que as vendas no varejo crescessem 2,5%.

Em outro dado do fim de semana, a China informou que os preços de imóveis novos caíram 5,3% em agosto até o mesmo mês do ano anterior — o ritmo mais rápido de queda em mais de nove anos.

Os números reforçaram a percepção de que a economia chinesa segue com dificuldades para reacelerar, o que impacta diretamente as divisas de exportadores de commodities, como o real brasileiro.

No exterior, a queda do dólar era quase generalizada ante as demais divisas, em um dia de baixa também para os rendimentos dos Treasuries, em meio à percepção de que o Federal Reserve poderá cortar os juros em 50 pontos-base na próxima quarta-feira, e não em apenas 25 pontos-base.

A expectativa por um corte de juros nos EUA, somada à perspectiva de elevação, precificada na curva a termo, de pelo menos 25 pontos-base da taxa básica Selic no Brasil, também na quarta-feira, pesava sobre a relação dólar/real.

“Com a possibilidade de um pequeno ciclo de alta dos juros no Brasil, enquanto nos Estados Unidos se aguarda o início do ciclo de cortes nas taxas, o real tem recuperado terreno perdido nos últimos dias”, pontuou no fim da tarde desta segunda-feira André Galhardo, consultor econômico da plataforma de remessas internacionais Remessa Online, em comentário enviado a clientes.

Neste cenário, após registrar a cotação máxima de 5,5823 reais (+0,27%) às 9h53, o dólar à vista cedeu à mínima de 5,4980 reais (-1,25%) às 10h39. Depois disso, a divisa retornou para acima dos 5,50 reais, sem fôlego para se sustentar abaixo deste nível.

No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em baixa ante a maior parte das divisas. Às 17h25, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,33%, a 100,690.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

O dia do Ibovespa

Na visão do analista Lucas Queiroz, do Itaú BBA, trata-se de uma semana decisiva para a política monetária para ambos os países.

“De um lado, espera-se que o Federal Reserve (Fed) inicie o tão aguardado ciclo de corte de juros, enquanto por aqui, a expectativa é que o Banco Central eleve a taxa Selic”, afirmou, observando que as apostas dos investidores indicam que o rumo das decisões já está traçado.

No caso dos EUA, de acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, os futuros dos Fed Funds embutiam no final da tarde uma chance de 63% de um corte de 0,50 ponto percentual e uma probabilidade de 37% de uma redução de 0,25 ponto sobre a taxa atual, entre 5,25% e 5,50%.

Em relação ao BC brasileiro, prevaleciam as apostas de um aumento de 0,25 ponto, com a curva dos contratos de DI precificando uma possibilidade de 89% de tal resultado, enquanto a chance para uma alta de 0,50 ponto era de 11%.

Na quarta-feira, a decisão do Fed será conhecia às 15h (horário de Brasília), com o comunicado acompanhado de projeções da autoridade monetária, com o chair Jerome Powell falando às 15h30, enquanto, no Brasil, o BC anuncia o resultado da reunião de dois dias após o fechamento do mercado.

DESTAQUES


– PETROBRAS PN subiu 1,39%, endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior, enquanto analistas do Itaú BBA elevaram a recomendação das ações a “outperform”. O CFO da estatal também afirmou à Reuters que a companhia elevará o foco em exploração e produção de petróleo e gás natural em seu próximo plano estratégico 2025-2029. PETROBRAS ON valorizou-se 0,99%.

– AZUL PN disparou 10,91%, após confirmar no domingo que está discutindo com arrendadores de aviões uma “potencial” troca de dívida por participação societária na empresa. Na sexta-feira, os papéis dispararam mais de 20% após reportagem da Reuters de que a Azul está perto de um novo acordo com arrendadores de aviões, em que a companhia aérea oferece ações para pagar cerca de 600 milhões de dólares em dívidas.

– EMBRAER ON caiu 5,3%, com o resultado da conclusão de processo arbitral com a decisão de que a Boeing servindo como argumento para realização de lucros nas ações, que ainda acumulam ganho de 120% em 2024. A norte-americana terá que pagar 150 milhões de dólares à empresa brasileira, o que segundo analistas ficou abaixo do esperado no mercado — algo entre 200 milhões e 300 milhões de reais.

– VALE ON fechou estável, sem a referência dos futuros do minério de ferro na China, onde os mercados estão fechados em razão de feriado. O vencimento mais negociado da commodity em Cingapura avançou 1,55%. A mineradora também disse no sábado que está conduzindo verificações adicionais na barragem Forquilha III (MG) após uma inspeção de rotina identificar trincas superficiais.

– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,03%, em dia misto no setor, com BANCO DO BRASIL ON fechando em alta de 0,53%, mas BRADESCO PN terminando com variação negativa de 0,77% e SANTANDER BRASIL UNIT com declínio de 0,45%.

– SANTOS BRASIL ON avançou 3,94%, tendo como pano de fundo detalhamento na última sexta-feira dos procedimentos relacionados ao recebimento/pagamento da redução de capital. Em 15 de outubro acaba o prazo legal para oposição de credores à redução. Caso se torne efetiva sem oposição, os acionistas titulares de ações em 16 de outubro terão direito ao recebimento da restituição de capital equivalente ao total de 1,6 bilhão de reais, que será paga em 7 de novembro.

– MARISA LOJAS ON, que não faz parte do Ibovespa, caiu 6,78%, após publicar na sexta-feira resultado do segundo trimestre deste ano com aumento do prejuízo líquido para 102 milhões de reais, ante resultado negativo de 63,4 milhões registrado para o mesmo período de 2023. A receita líquida da companhia encolheu 34%.