Saúde

Pacientes interrompem tratamento de saúde devido a falta de medicamentos na antiga Farmex

Criança autista, de apenas 10 anos, está há dois meses sem poder seguir com o tratamento devido a falta do medicamento na unidade

Por Wanessa Santos 06/03/2025 12h12
Pacientes interrompem tratamento de saúde devido a falta de medicamentos na antiga Farmex
Medicamento segue em falta no Ceaf e não tem data prevista para voltar a ser distribuído para os usuários - Foto: Cortesia / Carla Ceto

Usuários do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf), a antiga Farmex, voltam a denunciar o não fornecimento de medicações de alto custo na unidade. O relato vem cerca de sete meses após a deflagração de uma operação policial de combate ao desvio e roubo de medicamentos de alto custo em Maceió, em que um dos principais alvos da quadrilha era o justamente o Ceaf. O remédio citado como “em falta e sem previsão para chegar” é o Leuprorrelina 3,75mg.

A mãe de uma criança (uma menina autista nível 3 de suporte), que toma a medicação há cerca de três anos para o controle da puberdade precoce, diz que não é a primeira vez que tem o fornecimento da medicação interrompido pelo Ceaf. Em 2022, ela conta que ficou cerca de seis meses sem ter acesso ao medicamento, e que até chegou a comprar uma caixa na farmácia comum, porém, não teve condições de seguir comprando devido ao alto valor de cada ampola.

Em 2022, a usuária do Ceaf comprou o medicamento da filha, que custou R$263,25, apenas uma ampola / Foto: Cortesia

A criança faz acompanhamento com endocrinologista pediátrico, e precisa tomar uma injeção do remédio a cada 28 dias. Atualmente, a criança, uma menina que tem 10 anos de idade, encontra-se já há dois meses sem poder dar continuidade ao seu tratamento.

O remédio Lectrum (acetato de leuprorrelina) 3,75 mg é destinado ao tratamento paliativo de câncer de próstata em estágio avançado, mioma no útero, endometriose, puberdade precoce e câncer de mama avançado, em associação ao tamoxifeno, em mulheres na pré e perimenopausa. Ele custa, em farmácias comuns, em média R$270,00 cada caixa, contendo uma única ampola.

Ainda segundo a denúncia da mãe da criança, ao perguntar ao Ceaf se o remédio já estaria disponível, por meio do whatsapp da unidade, e se havia alguma previsão para a chegada do remédio, a resposta foi: “O medicamento está em falta, estamos aguardando data de agendamento de entrega do fornecedor”.

A redação do 7Segundos entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para saber qual o posicionamento da pasta sobre a situação e, em nota, a Sesau informou que já havia concluído o processo de compra para aquisição do medicamento Leuprorrelina e que, de acordo com a legislação relativa a processos licitatórios na esfera pública, o fornecedor tem um prazo de até 30 dias para realizar a entrega ao Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf).

Questionada novamente, nesta quinta-feira (6), sobre a falta do medicamento Leuprorrelina, o Ceaf disse que “Esta em falta ainda. Mas estamos aguardando o agendamento da entrega do fornecedor”.

Operação Overdose


Em agosto de 2024, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) coordenou a Operação Overdose, que prendeu integrantes de uma organização criminosa que atuava no furto de medicamentos na capital alagoana. Ao todo, a operação cumpriu 10 mandados de prisão e nove de busca e apreensão nas cidades de Maceió e Marechal Deodoro.

Na ocasião, oito pessoas foram presas e diversos medicamentos foram apreendidos, entre eles, a Leuprorrelina.

Dentre os medicamentos apreendidos durante a Orepação Overdose, estava a Leuprorrelina, que, atualmente, está em falta na antiga Farmex / Foto: Ascom PC

O 7Segundos entrou em contato com Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) para saber como está o andamento do processo, que já foi remetido para a justiça após a conclusão do inquérito, entretanto, segundo o TJAL, o processo tramita na 17ª Vara em segredo de justiça.