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Gata é resgatada após ser pintada de rosa com corante para móveis

A suspeita foi ouvida pela Polícia Civil e liberada

Por G1 22/07/2025 11h11
Gata é resgatada após ser pintada de rosa com corante para móveis
De acordo com veterinária, tinta pode afetar rins, fígado e cérebro de animal - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Uma gata foi resgatada na segunda-feira (21) após ser pintada de rosa pela tutora em Araxá, no Alto Paranaíba. O animal foi encontrado depois que a protetora Fernanda Castelha viu um vídeo que circulou nas redes sociais e acionou a Polícia Civil.

O bicho estava na casa da tutora. Além de pintada com corante para móveis, a gata não tinha água e alimentos disponíveis.

De acordo com a Polícia Civil, a suspeita de 37 anos é usuária de drogas e estava bastante alterada durante a abordagem. Ela não disse porque pintou o animal, mas afirmou que fez a mesma coisa em outra ocasião.

"A mulher estava desorientada, com o cabelo pintado de verde e azul, e aparentemente sem plena consciência do que fazia. Segundo relatos, ela já havia feito isso antes, quando o animal ainda era filhote. Tudo indica que não houve maldade intencional, mas sim falta de discernimento, até porque parece que ela gostava do animal. Ainda assim, o que aconteceu é inaceitável", disse Fernanda.
🔍No Brasil, maus-tratos contra animais é crime, com penas que variam dependendo da espécie e da gravidade do caso. A Lei nº 9.605/1998, que trata dos crimes ambientais, prevê detenção de três meses a um ano e multa para quem praticar maus-tratos contra animais. Para cães e gatos, a Lei nº 14.064/2020 aumentou a pena para reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda, e a pena pode ser aumentada em até um terço se o crime resultar na morte do animal.

Levado para abrigo
O animal foi apreendido e levado para o abrigo de uma cuidadora, também em Araxá. Já a suspeita foi levada para a Polícia Civil, onde foi ouvida e liberada, pois não estava em período de flagrante.

Segundo a Polícia Civil, a casa da mulher estava totalmente insalubre.

"Fiquei profundamente indignada com a situação. A gente fica com dó, principalmente vendo o estado da mulher. Mas isso não justifica o que foi feito. Animal não é objeto, não é descartável. Eles são seres sencientes, ou seja, sentem dor, medo, carinho, fome. Quem maltrata um animal, para mim, também é capaz de fazer o mesmo com uma pessoa", afirmou Fernanda.

De acordo com a médica veterinária Líbia Cristina Franco, a tinta utilizada é impropria para animais porque tem substâncias químicas extremamente tóxicas.

"Grande parte dos componentes de uma tinta para madeira podem afetar o sistema nervoso, rins, sistema respiratório e favorecer o desenvolvimento de alergias em animais", explicou a veterinária.
Ainda de acordo com Líbia, no caso em que o gato foi pintado de rosa, ele pode ter desenvolvido dermatite química, causando uma coceira intensa, descamação e infecção de pele, além da queimadura pelo contato do produto.

Do mesmo modo, por estar no pelo da gata, ela inalou o cheiro de tinta que pode causar dificuldade para respirar, inflamação pulmonar e até mesmo, levar a óbito.

"Os gatos ainda têm o comportamento natural de lamber o próprio corpo, então, na ingestão dessa tinta pode entrar em contato com substâncias tóxicas que afetam rins, fígado e cérebro", ressaltou Líbia.
Macaco pintado de azul

No dia 22 de junho um homem de 50 anos foi detido por pintar um macaco de azul na zona rural de Santa Juliana, também no Alto Paranaíba.

A investigação foi iniciada a partir de uma denúncia anônima. Na fazenda onde os maus-tratos teriam ocorrido, os investigadores encontraram vestígios que comprovaram o crime, como telhas quebradas e pintadas de azul compatíveis com as imagens do vídeo.

Segundo o delegado do caso, Wesley Lucena Dutra, Ivair Heraldo da Cunha, que tem antecedentes por maus-tratos registrados em 2022, confessou que pintou o animal, porque seria uma forma de o macaco não retornar à sua residência e destruir alguns objetos.

Após prestar depoimento, o homem foi liberado, mas responderá pelo crime de maus-tratos previsto na Lei de Crimes Ambientais. Se condenado, a pena pode variar de três meses a um ano, além do pagamento de multa de R$ 17 mil.

Para o médico veterinário Márcio Bandarra, o primata apresenta características de um macaco-prego. Ao analisar a cena, o profissional não teve dúvidas de que o mamífero sofreu consequências do ataque.

A Polícia Militar de Meio Ambiente tentou capturar o macaco, mas ele não foi encontrado.