Celebridades

Tati Machado fala sobre a perda do filho: 'Não é um dia de cada vez. É uma hora de cada vez'

"Para mim, não existe um recomeço. Eu estou seguindo a minha vida com essa marca que é para sempre."

Por G1 28/07/2025 09h09
Tati Machado fala sobre a perda do filho: 'Não é um dia de cada vez. É uma hora de cada vez'
Tati Machado - Foto: TV GLOBO

No apartamento onde vivem no Rio de Janeiro, cercados de fotos, lembranças e da presença constante da saudade, Tati Machado e Bruno Monteiro decidiram falar pela primeira vez sobre a perda do filho Rael, que morreu aos oito meses de gestação, em maio.

A entrevista exclusiva ao Fantástico marca um momento de acolhimento e recomeço para o casal. “Sabe quando você cria aquela frase pronta pra falar para as pessoas, tipo: ‘Ah, um dia de cada vez’? Outro dia, conversando com o Bruno, eu falei: ‘Bruno, eu me toquei que não é um dia de cada vez. É uma hora de cada vez’. Para mim, não existe um recomeço. Eu estou seguindo a minha vida com essa marca que é para sempre", disse Tati, emocionada.

"E que eu estou fortalecida, muito abastecida de amor, seguindo em frente, mas, eu lembro que não era a vida que eu estava querendo ter. Não é o que eu me preparei para ter. Essa vida que a gente tem é uma vida que foi imposta. Eu não sei como seria a outra vida, mas eu já estava transformada na versão 'Tati mãe'”, continuou.

A gravidez de Rael foi anunciada ao vivo, com alegria, no programa Mais Você. “Gente, é real esse bilhete! Eu tô grávida!”, comemorou Tati, na época.

Mas a felicidade deu lugar ao luto quando, no Dia das Mães, durante uma viagem de volta para São Paulo, ela percebeu que o bebê não estava mais se mexendo. “Ele estava numa fase que era uma explosão de movimentos. E eu senti essa falta do movimento”, contou.

No dia seguinte, mesmo após ouvir uma batida com um aparelho caseiro, Tati foi trabalhar normalmente. Mas, ao ver nas redes sociais a notícia da perda do bebê da atriz Michelli Machado, decidiu ir ao hospital.

“Na mesma hora, o meu mundo parou”, disse. O ultrassom confirmou: o coração de Rael havia parado.

“Eu olhei pro Bruno, peguei na mão dele e falei: ‘A vida trouxe isso pra gente. E a gente vai ter que encarar juntos’”, lembrou Tati.

O parto foi induzido e, apesar da dor, ela descreve o nascimento como um momento importante. “O parto do Rael foi um parto lindo. Com toda a tristeza que existia ali, foi lindo.”
Rael nasceu no dia 13 de maio, às 8h45 da manhã. “Quando a gente conheceu o Rael, foi o nosso momento de despedida também”, disse Bruno.

A causa da morte nunca foi esclarecida. “Não tem nada da medicina que explica o que aconteceu com a gente. A gente fez autópsia, exames genéticos importantes... Nada”, contou Tati.

Voltar para casa foi uma das partes mais difíceis, principalmente por passar, na maternidade, por quartos de outras mães, ouvir o choro de recém-nascidos. “É uma dor dilacerante”, completou Tati.

Ela reconhece o privilégio de ter sido acolhida em um hospital que a manteve afastada de outras mães com bebês. “Mas muitas mulheres passam por situações em que ficam na sala de pós-parto junto com outras mulheres que acabaram de ganhar seus nenéns.”

A dor silenciosa da perda gestacional agora é reconhecida por lei. Em maio, foi sancionada a Lei do Luto Materno, que prevê acolhimento psicológico para mães e pais que passam por esse tipo de perda.

“Essa dor de perder um filho é uma dor que é muito silenciosa”, disse Tati. “Eu quero que as pessoas possam ter as certidões com o nome que escolheram. Porque ele existiu”, afirmou, emocionada.

O trauma uniu ainda mais o casal. “Ela precisava de mim naquele momento. Muito mais do que eu precisava dela. Então, eu estava ali o tempo inteiro pra Tati”, disse Bruno. Mas o luto é complexo.

“Você sente amor, saudade, raiva. E a culpa... Eu acho que eu nunca vou me livrar dela. Me sinto culpada porque eu acho que eu não consegui. Eu não dei conta”, desabafou Tati.
A gravidez foi pública, acompanhada por milhares de pessoas. "Eu escolhi viver. Essa é a escolha que eu tô fazendo todos os dias", respondeu Tati.

A viagem à Amazônia com a amiga Lexa, que também perdeu uma filha recém-nascida, foi um momento de conexão e cura.

“Estar lá e ter o contato com a maior força da natureza era o mais próximo que eu podia estar da força que eu tive que ter e que eu tô tendo que ter”, disse Tati. “O Rael tava lá em todos os momentos.”

Ela está voltando ao trabalho. “Amanhã eu vou estar na Ana Maria. O meu abraço mais esperado. Aos poucos eu vou voltando pros programas. O Dança dos Famosos vai entrar em nova edição e, como eu fui a última vencedora, eu vou estar lá também.”

Bruno vê essa retomada como um processo de reconstrução. “Ela está voltando de um jeito diferente, mas com a mesma essência: de ser alegre, porque é o que ela é realmente.”
Sobre o futuro, Tati é sincera: “Já é algo que bate em mim. Não estou pronta. A resposta de hoje é que eu ainda não estou pronta. Mas não desisti.” O casal faz terapia juntos e pensa em tentar uma nova gravidez. “Não tem substituição. Mas tem um amor e uma vontade muito especial de construir uma família aqui.”

“Saudade é o amor que fica”, disse Tati.