Justiça

'Só vi os pezinhos da minha filha': mãe de adolescente morta desabafa no 3º júri de serial killer

Durante o primeiro momento do julgamento, foram ouvidas três testemunhas; O relato mais comovente foi o da mãe da vítima, Piedade Wilma Melo dos Santos

Por Wanessa Santos 31/07/2025 10h10 - Atualizado em 31/07/2025 10h10
'Só vi os pezinhos da minha filha': mãe de adolescente morta desabafa no 3º júri de serial killer
Réu já foi condenado em dois júris anteriores, com penas que somam 61 anos de prisão - Foto: Assessoria MPAL

Teve início na manhã desta quinta-feira (31), no Fórum da Capital, o terceiro julgamento de Albino Santos de Lima, acusado de matar a tiros a adolescente Ana Clara Santos Lima, de 13 anos, no bairro Vergel do Lago, em Maceió, no dia 3 de agosto de 2024. Conhecido como o "Serial Killer de Maceió", o réu já foi condenado em dois júris anteriores, com penas que somam 61 anos de prisão. Ele está preso desde o dia 27 de novembro do ano passado.

Durante o primeiro momento do julgamento, foram ouvidas três testemunhas. O relato mais comovente foi o da mãe da vítima, Piedade Wilma Melo dos Santos, que chorou ao falar sobre a filha. “Minha filha era minha companheira, era meu tudo, me ajudava em tudo. Eu trabalho como vendedora de café e bolo, e eu só tinha ela”, declarou.

A mãe também reforçou que Ana Clara não tinha qualquer envolvimento com drogas, em resposta a uma alegação recorrente do réu sobre suas vítimas. No dia do crime, a adolescente havia saído para o ginásio, próximo de casa. “Meu coração estava apertado, achava que tinha alguma coisa errada. Aí peguei o carrinho e fui pra casa. Quando ia chegando, vi o SAMU e a viatura da polícia e fiquei gelada. Quando me aproximei, todo mundo olhando pra mim. O policial perguntou se eu era a mãe da Ana Clara e perguntei se ela estava viva. Ele disse que infelizmente não. Aí pedi pra ver a minha filha, e só vi os pezinhos dela”, relatou, emocionada.

De acordo com o Ministério Público de Alagoas (MPAL), Ana Clara percebeu que estava sendo seguida e tentou se refugiar em um imóvel vizinho, mas foi alcançada e baleada por Albino, que invadiu a casa. A primeira testemunha ouvida no júri foi o dono do imóvel invadido, que falou por videoconferência. Ele contou que estava dormindo com a esposa quando ouviu alguém tentando abrir a porta e escutou o primeiro disparo. Ana Clara entrou na casa já ferida e tombou na cama do casal. A residência possui apenas um quarto.

O homem relatou que ouviu dois tiros, sendo um deles disparado na frente de seu filho de apenas quatro anos, que ficou traumatizado. A família mudou de endereço após o crime, com problemas psicológicos e medo. O juiz orientou que o casal e a criança busquem atendimento psicológico em uma unidade de saúde, e se colocou à disposição para garantir o encaminhamento.

A terceira testemunha foi uma amiga de Ana Clara, que estava com ela no momento do crime. A jovem relatou que as duas assistiam a um jogo de futebol com uma prima da vítima e não perceberam a aproximação de nenhum homem. Ela descreveu Ana Clara como tranquila e sem qualquer envolvimento com drogas ou comportamentos de risco.

O réu confessou o homicídio durante as investigações, alegando problemas psicológicos e afirmando que ouve vozes. A defesa tentou impedir o julgamento, alegando inimputabilidade, mas Albino foi pronunciado e está sendo julgado por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio.

O julgamento ocorre a três dias de o crime completar um ano.