Justiça

Defesa de serial killer pede ‘amor’ ao réu em vez de perdão; Ele é condenado a mais 24 anos

Advogado não apresentou manifestação para recorrer e também abriu mão da tréplica ao final do julgamento

Por Wanessa Santos 31/07/2025 13h01 - Atualizado em 31/07/2025 14h02
Defesa de serial killer pede ‘amor’ ao réu em vez de perdão; Ele é condenado a mais 24 anos
Serial Killer de Alagoas é condenado a mais 24 anos de prisão em terceiro julgamento - Foto: Assessoria MPAL

Albino Santos de Lima, conhecido como o "serial killer de Maceió", foi condenado nesta quinta-feira (31) a mais 24 anos e seis meses de prisão em regime inicialmente fechado pelo assassinato da adolescente Ana Clara Santos Lima, de 13 anos. Com essa nova sentença, o réu já soma mais de 85 anos de reclusão por três homicídios. A defesa não apresentou manifestação para recorrer e também abriu mão da tréplica ao final do julgamento.

O desfecho do júri veio após horas de debates intensos no Fórum da Capital. Ao longo da sessão, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) reforçou que Albino agiu de forma premeditada, negando a tese de inimputabilidade levantada pela defesa. O promotor Antônio Vilas Boas confrontou o réu sobre as contradições nos depoimentos prestados em diferentes fases do processo. Nesta última, Albino mudou sua versão e afirmou ter matado apenas duas pessoas, contrariando declarações anteriores, nas quais chegou a dizer que havia matado mais de 20.

O promotor do MPAL Antônio Vilas Boas - Foto: Assessoria MPAL

O promotor também rebateu as críticas feitas pelo réu à perícia técnica. Albino havia questionado a veracidade dos exames balísticos, mas o representante do MP leu, em plenário, a conclusão do laudo oficial: os projéteis que mataram Ana Clara saíram da arma de fogo que estava com Albino. “Esse laudo é inconteste, não é uma prova surreal”, afirmou Vilas Boas, alertando os jurados: “Tenham muito cuidado com os depoimentos dos acusados. Ouçam com muita reserva o que esses assassinos têm a dizer.”

O Ministério Público também exibiu imagens encontradas no celular do réu, que continha uma pasta intitulada “Mortes Especiais” e outra chamada “Odiadas do Instagram”, além de arquivos com notícias sobre os crimes que teria cometido, o que, segundo o promotor, demonstrava prazer e vaidade com os assassinatos. Durante a apresentação do laudo cadavérico de Ana Clara, o juiz precisou intervir, posicionando-se à frente da mãe da vítima para evitar que ela visse as imagens fortes.

No vídeo de um depoimento anterior, exibido no tribunal, Albino afirma ter matado Ana Clara por considerá-la uma “traficante”, apesar de todas as testemunhas e documentos comprovarem que a adolescente não tinha envolvimento com crimes e que, no momento do assassinato, estava assistindo a um jogo com amigas.

Durante a fala final da defesa, o advogado Geoberto Bernardo de Lima sustentou que Albino sofre de transtornos mentais e afirmou: “Ele não precisa de perdão, precisa de amor.” A declaração foi duramente rebatida na réplica do promotor. “Que doido é esse, doutor? O seu doido vigia vítimas, premedita crimes, foge das investigações. Esse é o seu doido?”, ironizou. Em seguida, leu os laudos psiquiátricos que não indicam qualquer condição que isente o réu de sua responsabilidade criminal. “O depressivo se suicida, tira a própria vida. Desconheço depressivo que mate em série como o seu cliente.”

Ao final dos debates, os jurados votaram pela condenação. O juiz fixou a pena base em 21 anos, aplicou agravantes, e definiu a pena definitiva em 24 anos e seis meses. Albino continuará cumprindo pena no sistema prisional de Alagoas. A sentença encerra mais um capítulo do caso que chocou o estado de Alagoas.