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Plano de Israel para Gaza pode gerar “nova calamidade”, alerta ONU

Para o subsecretário-geral da ONU, Miroslav Jenca, Gaza já registra “uma catástrofe humanitária”

Por Metrópoles 10/08/2025 17h05 - Atualizado em 10/08/2025 17h05
Plano de Israel para Gaza pode gerar “nova calamidade”, alerta ONU
Para o subsecretário-geral da ONU, Miroslav Jenca, Gaza já registra “uma catástrofe humanitária” - Foto: Reprodução

O plano israelense de tomada da cidade de Gaza pode desencadear “uma nova calamidade” com repercussões “em toda a região”, alertou neste domingo (10) Miroslav Jenca, subsecretário-geral da ONU para Europa, Ásia Central e Américas. “Já estamos testemunhando uma catástrofe humanitária de proporções inimagináveis em Gaza”, declarou, na abertura de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança dedicada ao conflito.

Segundo ele, se os planos de tomada da cidade no território palestino “forem implementados, correm o risco de provocar uma nova calamidade em Gaza, com repercussões em toda a região, causando novos deslocamentos forçados, mortes e destruição, agravando ainda mais o sofrimento insuportável da população”.

Antes da reunião, o representante da Eslovênia no Conselho de Segurança, falando em nome dos quatro países da União Europeia que atualmente ocupam assentos (Dinamarca, Grécia, França e Eslovênia), também condenou o plano.

“Reiteramos que qualquer tentativa de anexação ou expansão de colônias, qualquer violação do direito internacional ou ampliação das operações militares apenas colocará ainda mais em risco a vida de todos os civis em Gaza, incluindo a dos reféns restantes, e causará sofrimento desnecessário adicional”, declarou Samuel Zbogar.

Em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu repetiu neste domingo, durante uma entrevista coletiva, que o plano de conquista da cidade de Gaza é “a melhor maneira de terminar a guerra”, que já dura 22 meses no território palestino. O novo plano “não visa ocupar Gaza, mas desmilitarizá-la”, reiterou.

Netanyahu enfrenta forte pressão em Israel sobre o destino dos 49 reféns que ainda estão nas mãos do Hamas, e também do exterior, para que coloque um fim aos combates no enclave palestino, onde mais de dois milhões de pessoas estão ameaçadas por uma “fome generalizada”, segundo a ONU.

Ao mesmo tempo, a extrema-direita israelense, que integra a coalizão governamental, expressou seu desacordo com o plano, que considera pouco ambicioso.

“Eu quero toda Gaza, a transferência (da população) e a colonização”, resumiu o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, um dos mais radicais do governo Netanyahu.

Os Estados Unidos, membro permanente do Conselho de Segurança com poder de veto, provavelmente buscarão proteger seu aliado Israel de qualquer medida concreta de censura por parte da ONU. Do lado de fora da sede das Nações Unidas, em Nova York, alguns manifestantes se reuniram neste domingo para exigir o fim do conflito, sob forte presença policial.

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