Maceió

MPAL inspeciona delegacias de polícia em Maceió para verificar condições do ambiente de trabalho

Foram identificadas várias anormalidades durante a inspeção, segundo o MP

Por 7Segundos com Ascom/MPAL 12/08/2025 16h04 - Atualizado em 12/08/2025 16h04
MPAL inspeciona delegacias de polícia em Maceió para verificar condições do ambiente de trabalho
Foram inspecionados os 8º e 21º Distritos Policiais, na capital alagoana - Foto: Ascom/MPAL

Trabalhar em um ambiente salubre é fundamental para que os servidores ofertem serviços de qualidade e possam, consequentemente, recepcionar bem o cidadão que procura as unidades que integram os órgãos da Segurança Pública. Por isso, na manhã desta terça-feira (12), o Ministério Público de Alagoas (MPAL), via promotoria de Justiça do Controle Externo da Atividade Policial, em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal, inspecionou os 8º e 21º Distritos Policiais, na capital.

A promotora de Justiça Karla Padilha, titular da respectiva Promotoria, identificou várias anormalidades, desde a estrutura física a carência de recursos humanos.

“Hoje é o primeiro dia de uma série de inspeções que o Ministério Público realizará nas delegacias de polícia da capital e, lamentavelmente, nos deparamos com problemas muito graves, de toda ordem, aqui nos 8º e 21º distritos policiais. Problemas que vão desde extintores de incêndio vencidos até outros muito sérios, de umidade, de infiltração, de cupim, que comprometem sobremaneira a salubridade do ambiente. Então, é um ambiente absolutamente inadequado para o trabalho. Fora isso, existe uma quantidade muito reduzida de agentes de polícia e de escrivães para dar conta de uma população imensa que abrange bairros como Benedito Bentes e Antares. Então, não nos resta alternativa, senão a de adotar medidas. Tivemos hoje a presença da vigilância sanitária que vai nos enviar o relatório e, caso verificarmos que o problema não será solucionado, infelizmente, ajuizaremos as ações civis competentes”, afirma a promotora.

Além de todos esses problemas há uma sala com mofo e forte odor, podendo adoecer tanto os agentes quanto quem está sendo ouvido. No local, também foi verificado que há uma geladeira enferrujada que pode causar choques, não há fornecimento de água para consumo, as caixas de água não recebem limpeza periódica e estão com muita sujeira acumulada, falta material para limpeza que é comprado pelos próprios funcionários.

Durante a inspeção muitas pessoas que procuraram as delegacias para fazer denúncias e confecção de Boletins de Ocorrência (BO’s), inclusive uma mulher que sofrera agressão física, foram avisados que não seria possível “pois a escrivã estaria em um curso e teriam que se deslocar, para isso, até a Central de Flagrantes localizada na Avenida Durval de Góes Monteiro.

Vale ressaltar que, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, a população do Benedito Bentes (I e II), em Maceió, é de110.746 habitantes. Enquanto, o mesmo Censo afirma que o Antares hoje tem 25.454 habitantes. O Benedito Bentes é, também, o maior bairro de Maceió com uma área de 24,62 km².

Isso significa que, para uma população de 136.200 habitantes, existem apenas dois ou três policiais/dia e um escrivão.

“Isso é muito preocupante também. Tem equipe que trabalha três dias na semana e, além disso, ainda são escalados para plantões na Delegacia de Homicídios, quando isso acontece ficam três dias sem comparecer à delegacia, o que compromete ainda mais. Apesar de a Polícia Civil ter convocado os aprovados no último concurso, nenhum escrivão, tampouco nenhum agente de polícia foi alocado nessas distritais, todos foram para delegacias especializadas ou assumiram funções administrativas em vez de servirem à população e otimizarem as investigações. Há muitos inquéritos antigos pendentes e isso pode gerar a impunidade de muitos crimes graves, caso percam o prazo legal”, conclui Karla Padilha.