Barragem apresenta falhas estruturais e segue sem plano de segurança em Igreja Nova
Codevasf não cumpre condicionantes, barragem segue sem plano de segurança e pode ampliar impactos de cheias e secas
A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco constatou, nesta terça-feira (26), falhas preocupantes na barragem Boacica, em Igreja Nova, administrada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A vistoria foi acompanhada pelos procuradores da República Lucas Horta e Érico Gomes, que monitoram a situação das barragens federais em Alagoas.
Durante a inspeção, a equipe de Resíduos Sólidos, Extração Mineral e Segurança de Barragens da FPI verificou que a válvula de descarga de fundo permanece quebrada, permitindo a passagem contínua da água pelo leito e comprometendo a função da estrutura de controlar cheias no período chuvoso e garantir reserva hídrica para mitigar os efeitos da estiagem.
A vistoria também identificou sinais de abandono, como árvores e muito mato crescendo sobre o barramento. Imagens de drone registraram a formação de uma lagoa na área, que pode atingir comunidades vizinhas e ampliar riscos à jusante.
Segundo a Semarh, a barragem Boacica é classificada como tipo “A”, com Categoria de Risco Médio e Dano Potencial Associado Alto. Apesar disso, ainda não foi apresentado pela Codevasf o Plano de Segurança da Barragem, exigido pela Política Nacional de Segurança de Barragens.
O procurador da República Lucas Horta ressaltou que “o MPF já acompanha a situação da barragem Boacica e a vistoria da FPI confirmou falhas graves. A estrutura não cumpre sua função de armazenar água e apresenta riscos à própria segurança. O Ministério Público adotará as providências necessárias para que a situação seja regularizada”.
Henrique Brandão, da Semarh, lembrou que a irregularidade da válvula de fundo já havia sido constatada há dois anos. “Hoje, durante a fiscalização conjunta com a FPI, verificamos que o problema persiste”, afirmou.
O procurador Érico Gomes, coordenador da FPI em Alagoas, reforçou que a estrutura está no foco da atuação dos órgãos de controle. “A vistoria revelou falhas preocupantes, como vegetação alta e vazamentos sem controle da válvula. O MPF já conduz inquérito civil sobre esta e outras barragens no estado e adotará providências junto às empresas responsáveis para reduzir riscos e proteger as comunidades”.
Apesar do cenário constatado pela fiscalização, a Codevasf apresentou em outubro de 2024 à Semarh um cronograma de execução das condicionantes ambientais pendentes, entre elas a substituição das válvulas e a entrega de relatórios periódicos do Plano de Manejo de Vazão. O novo prazo estabelecido termina em dezembro.
A barragem possui licenciamento ambiental válido até 2026 e foi projetada para controle de cheias e irrigação de arrozais. No entanto, a fiscalização reforçou que a estrutura não está desempenhando plenamente seu objetivo de represamento da água do Riacho Boacica.
A fiscalização foi realizada pela equipe de Resíduos Sólidos, Extração Mineral e Segurança de Barragens da FPI, sob a coordenação de Rafael Vanderley, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), em parceria com o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), Conselho Regional dos Técnicos Industriais da 3ª Região (CRT-3), Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) e Semarh.
Barragem Retiro, em Palestina – Na última segunda-feira, a mesma equipe da FPI do São Francisco realizou inspeção na barragem do Retiro, no município de Palestina. A vistoria foi prejudicada pela grande quantidade de vegetação no corpo do barramento, situação que indica risco por danos estruturais, exigindo manutenção preventiva e monitoramento constante.
Esse tipo de ocorrência, quando não tratado a tempo, pode comprometer a estabilidade da estrutura e colocar em risco a segurança da população localizada a jusante (após o barramento). Por isso, a inspeção e o acompanhamento são fundamentais para a prevenção de acidentes e para a gestão responsável dos recursos hídricos.
Em contato com representante do MPF, a equipe foi informada que a situação da barragem do Retiro, sob gestão do Dnocs, já foi alvo de ação civil pública pelo MPF em Alagoas e está em tratativa uma negociação para acordo judicial, no qual a autarquia federal comprometer-se-á a garantir a segurança em todos os barramentos sob sua responsabilidade no estado — 21, no total.
Últimas notícias

PM apreende menor acusado de agredir ex-companheira em Marechal Deodoro

Indústria de Tintas Aracor chega a São Sebastião e promete gerar mais de 200 empregos

Polícia Civil investiga atentado que deixou três pessoas feridas em Maceió

Moraes pede opinião da PGR sobre agentes da PF na casa de Bolsonaro

Homem acusado de tentativa de homicídio é preso em São Miguel dos Milagres

Prazo final para recadastramento de permissionários da SMTT Arapiraca vai até 10 de setembro
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
