Lula diz que não há assunto proibido com Trump e lista pontos de negociação
Em coletiva de imprensa na Indonésia, presidente falou que deve tratar sobre o tarifaço e a ofensiva dos EUA na costa da Venezuela em encontro no fim de semana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tratou como certa a reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia durante coletiva de imprensa em Jacarta, na Indonésia, nesta sexta-feira (24). Ele disse que não há "assunto proibido" que não possa ser tratado no encontro.
A expectativa é de que Lula se encontre com Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, no domingo (26). Se confirmado, será o primeiro encontro oficial entre Lula e Trump desde o início da crise provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
A reunião ainda não foi confirmada oficialmente pelo governo do Brasil nem dos EUA.
Lula também listou os pontos que pretende abordar, como o comércio entre os países e as sanções dos EUA aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números", disse o presidente.
O Itamaraty separou parte do domingo para que o presidente Lula realize reuniões bilaterais. Até a manhã desta terça-feira (21), estava confirmado apenas um encontro com o primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia.
🔎 Os dois presidentes vêm se aproximando desde setembro. Primeiro, tiveram uma "boa química" nos segundos em que se cruzaram na Assembleia da ONU. Depois, conversaram por cerca de 30 minutos em uma ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países. Outro sinal de aproximação foi o encontro do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Lula chegou à Malásia nesta sexta-feira (24) para participar de encontro com líderes asiáticos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). É a segunda etapa da viagem de uma semana pela Ásia. Ele passou primeiro pela Indonésia, onde foi recebido pelo presidente Prabowo Subianto.
🔎 A Cúpula da ASEAN é o evento em que as principais lideranças do bloco formado por 10 países do sudeste asiático se reúnem para discutir cooperação regional e crescimento econômico. Participam desse bloco países como Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã.
Ao responder ao correspondente internacional da TV Globo Felippe Coaglio, o presidente afirmou que a reunião é esperada há um tempo e que "sempre disse que, quando Trump quisesse conversar, o Brasil estava à disposição".
O presidente disse acreditar que a "relação humana é química" e que fazer de forma digital não tem o mesmo resultado que uma conversa presencial: "Olho no olho, pegar na mão, abraçar a pessoa".
Lula afirmou que depois da ligação telefônica com Trump os dois estão caminhando para mostrar que "não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas sentam na mesa para conversar".
Para o presidente brasileiro, será uma reunião livre, e que eles poderão dizer o que quiserem, e também ouvir o que não quiserem. "Convencido de que vai ser bom para o Brasil e para os Estados Unidos, vamos voltar à nossa normalidade", afirmou Lula.
Isso porque, nesta quinta-feira (23), Lula voltou a falar sobre a ideia de adotar uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais entre países membros do Brics.
O tema é um dos pontos que está sobre a mesa na negociação com os EUA. Segundo o blog de Valdo Cruz, Trump quer que Lula abandone a ideia de substituir o dólar em transações do bloco, e assessores do presidente brasileiro o aconselharam a deixar esse debate de lado.
"Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. [...] Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar", afirmou.
💰 Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos, como forma de diminuir a dependência da moeda americana. O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, entre outros.
Ataques dos EUA à Venezuela
Lula também comentou sobre os ataques dos Estados Unidos a barcos na costa da Venezuela e afirmou que, se Trump quiser, eles também vão tratar do assunto.
O governo Trump tem travado uma ofensiva no mar do Caribe com o argumento de mirar traficantes de drogas a caminho dos Estados Unidos. O presidente americano também admitiu ter autorizado operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) no país de Nicolás Maduro.
Para o presidente brasileiro, "se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil", pois não concorda com que sejam feitos ataques e invasões a outros países com a justificativa de combater o narcotráfico.
"Acho que falta um pouco de compreensão da questão da política internacional", disse Lula sobre a afirmação de Trump de que vai '"apenas matar as pessoas que estão levando drogas para o seu país.'"
Lula afirmou que o presidente dos EUA não pode apenas dizer que vai invadir e "combater o narcotráfico na 'terra dos outros'", sem levar em conta a Constituição dos países.
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