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Aos 92 anos, Paul Biya é reeleito presidente do Camarões pela oitava vez

Paul Biya obteve 53,66% dos votos, contra 35,19% de seu antigo aliado

Por rFi 27/10/2025 18h06 - Atualizado em 27/10/2025 18h06
Aos 92 anos, Paul Biya é reeleito presidente do Camarões pela oitava vez
O presidente de Camarões, Paul Biya - Foto:  (Kevin Dietsch/Getty Images)

A maioria dos analistas esperava que Paul Biya, o chefe de Estado em exercício mais velho do mundo, conquistasse outro mandato de sete anos, em um sistema que seus críticos acusam de ter se tornado engessado ao longo de seus 43 anos no poder.

Mas a votação foi mais acirrada do que o esperado. O líder da oposição Issa Tchiroma Bakary ficou em segundo lugar, com mais de um terço dos votos (35,19%), segundo dados oficiais.

Bakary reivindicou a vitória sobre o presidente em exercício após a eleição de 12 de outubro e convocou os camaroneses a saírem em massa para defender sua vitória em "marchas pacíficas". Quatro pessoas morreram no domingo na capital econômica, Duala, durante manifestações em apoio ao líder da oposição, anunciou o governador da região. As forças de segurança começaram atirando gás lacrimogêneo antes de disparar "munição real", segundo manifestantes entrevistados pela AFP.

A participação eleitoral foi de 46,31%, segundo os resultados do Conselho Constitucional, anunciados 15 dias após a eleição

Cabral Libii ficou em terceiro lugar na disputa, com 3,41%, seguido por Bello Bouba Maïgari, com 2,45%, e Hermine Patricia Tomaïno Ndam Njoya, a única mulher, com 1,66%.

Os outros oito candidatos receberam, cada um, no máximo 1% dos votos.

"Resultados falsificados"


Comícios foram proibidos e a circulação restringida na maioria das principais cidades do país até o anúncio do presidente eleito. Mas, desde a semana passada, apoiadores de Issa Tchiroma Bakary, que, segundo sua própria contagem, obteve 54,8% dos votos, contra 31,3% do atual presidente Paul Biya, têm saído às ruas esporadicamente para reivindicar a vitória na eleição presidencial.

Ele convocou os camaroneses na quarta-feira (29) a se manifestarem caso o Conselho Constitucional proclame "resultados falsificados e manipulados".

Desde as primeiras horas da manhã, patrulhas da polícia estão posicionadas nos principais cruzamentos da capital, Yaoundé, enquanto veículos blindados estão estacionados perto de áreas consideradas sensíveis. A polícia afirma que quer "garantir a segurança do processo eleitoral e evitar qualquer interrupção".

Em vários bairros de Yaoundé, muitas lojas e postos de gasolina mantiveram as portas fechadas, temendo distúrbios. O transporte público está funcionando em ritmo lento e o trânsito está excepcionalmente tranquilo. Paul Biya é o segundo chefe de Estado a liderar Camarões desde sua independência da França em 1960, e governou reprimindo toda a oposição, sobrevivendo à turbulência econômica e a um conflito separatista desde 2016 nas duas regiões de língua inglesa do país.