Tietado por cinegrafistas, Bolsonaro manda recado para TVs e chama repórteres de urubus
Um dos profissionais pediu ao presidente que ele segurasse o microfone da TV Bandeirantes, no que foi atendido
Cinegrafistas que aguardavam a saída de Jair Bolsonaro (PSL) do Palácio da Alvorada na manhã deste domingo (11) tietaram o presidente, que fez um pedido às TVs e chamou repórteres de urubus.
Bolsonaro saiu da residência oficial da Presidência da República pouco antes das 9h. Cumprimentou turistas que o aguardavam na porta do Palácio e dirigiu-se à área reservada à imprensa, onde estavam os cinegrafistas, que pediram que ele desse uma mensagem sobre o Dia dos Pais.
Um dos profissionais pediu ao presidente que ele segurasse o microfone da TV Bandeirantes, no que foi atendido.
"É um dia muito especial. Com toda certeza, a maior alegria que um homem pode ter é a notícia de que ele vai ser pai. E, depois, uma tremenda responsabilidade que temos de fazer nossos filhos melhores que nós", disse Bolsonaro.
Ao perceber que não havia repórteres no local, indagou aos cinegrafistas: "Não tem nenhum urubu aí? Urubu que eu chamo é repórter. Vocês [cinegrafistas] não. Vocês são tropa amiga. Não tem nenhum urubu não?".
Um dos cinegrafistas reagiu dizendo que, para ele, era uma honra ter Bolsonaro como presidente.
Bolsonaro pegou o microfone da TV Globo que era segurado diante dele por um profissional e brincou, indagando se tudo que falasse iria ser publicado.
"Queria que a Globo botasse no ar um vídeo com uma canção lá do Nordeste, chama-se Chuva de Honestidade", disse o presidente.
"É uma canção que é mais velha que eu, de 54, e o que o Nordeste sempre precisou foi disso, chuva de honestidade. E o Brasil agradece", disse Bolsonaro.
A canção tem trechos que dizem, por exemplo, "Eu sei que a chuva é pouca e que o chão é quente / Mas tem mão boba enganando a gente, secando o verde da irrigação / Não! Eu não quero enchentes de caridade, só quero chuva de honestidade / Molhando as terras do meu sertão" e "Eu pensei que tivesse resolvida, essa forma de vida tão medonha /Mas ainda me matam de vergonha, os currais, coronéis e suas cercas".
Após fazer o pedido às TVs, disse que não estava fazendo um desafio, mas um convite a elas.
Em seguida, um cinegrafista perguntou se poderia fazer uma foto com o presidente, que pulou a grade da área em que a imprensa fica isolada.
O presidente posou com um grupo de cinegrafistas e fez selfies individuais com alguns profissionais.
Em seguida, saiu da área reservada e ouviu um de seus assessores em tom jocoso: "Se o senhor pular [a grade], a Folha vai botar que o senhor está pulando a cerca".
Ao deixar o Alvorada, Bolsonaro passeou por Brasília. Ele passou rapidamente por um restaurante e, em seguida, andou de jet ski no Lago Paranoá.
Nesse momento, o general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) tropeçou e quase caiu na água ao saltar no deck do lago. Ele molhou apenas o braço e a jaqueta, antes de receber ajuda de seguranças, que pediam para cinegrafistas não gravarem a situação.
Depois, passeou de moto pela cidade e parou em uma feira de artesanato para tomar caldo de cana em uma pastelaria.
No local, foi recebido por apoiadores que pediam para tirar fotos. Em certo momento pessoas que estavam no local se dividiram entre gritos de "mito" e fascista".
Com todos os movimentos gravados por um drone, o presidente retornou de moto para o Palácio da Alvorada. Questionado, o Planalto ainda não respondeu se sabe de quem era o drone.
Antes de subir no jet ski, Bolsonaro disse que tem a "carteirinha de arrais-amador".
Embora a habilitação "arrais-amador" dê direito a conduzir embarcações em navegação interior (canais, rios e lagos), ela não é válida para a categoria de moto aquática, como é denominado o jet ski pela Marinha.
Segundo a Marinha, desde 2012, a categoria arrais-amador deve ser complementada com a habilitação "motonauta" caso a pessoa deseje conduzir uma moto aquática. O presidente não informou se tem essa autorização.
Em abril deste ano, Bolsonaro circulou de moto em Guarujá (SP) com o capacete levantado, infração considerada equivalente a andar sem capacete. Neste domingo, o presidente também andou de moto por Brasília, mas usou o capacete.