Política

Nancy Pelosi quer proibir termos de gênero, como mãe e avó, nas regras da Câmara

Enquanto ela propõe eliminar uso de “mãe, pai, irmã, irmão, filha, filho”, se auto intitula "mãe e avó" em sua biografia no Twitter

Por R7 05/01/2021 16h04
Nancy Pelosi quer proibir termos de gênero, como mãe e avó, nas regras da Câmara
Nancy Pelosi quer proibir termos de gênero, como mãe e avó, nas regras da Câmara - Foto: AFP

Nesta semana, nos Estados Unidos, a Câmara dos Representantes votará uma série de regras que direcionará os processos para o 117º Congresso. 

As normas divulgadas nos deixam uma noção de como Nancy Pelosi, democrata e presidente da Câmara, pretende comandar a casa. Entre as regras polêmicas do pacote há uma que chamou muito atenção porque pede a eliminação do que eles chamam de “termos de gênero”.

Na prática, a resolução enviada por Pelosi e pelo deputado democrata de Massachusetts, James McGovern, afirma querer “honrar todas as identidades de gênero”. Essa "homenagem" modificará pronomes nas regras da Câmara e referências às relações familiares. Então ficaria proibido falar avô, avó, pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã. Essas palavras seriam alteradas para parente, criança, irmão, cônjuge ou sogro, de acordo com a resolução.

Faça o que eu digo, mas não o que eu faço

Essa ação de Nancy que aparentemente é "super inclusiva" e a colocam em uma posição de "prestígio" pela maioria que defende movimentos igualitários não condiz com suas atitudes, uma vez que em sua biografia no Twitter está escrito que ela é “mãe, avó, apreciadora de chocolate amargo”. O Congresso não pode usar essas palavras, mas ela pode?

Esse é um detalhe muito importante para ser observado.

E não apenas no Twitter, Nancy Pelosi sempre fez questão de reforçar a imagem de mãe e avó em seus discursos e também na biografia Know Your Power: A Message to America's Daughters, "Conheça seu poder: uma mensagem para as filhas da América", na tradução para o português.

Além disso, não tiro o mérito de todos nós, enquanto seres humanos, independentemente da raça, cor e religião, lutarmos pelos nossos direitos. Mas, sou totalmente contra que, em prol deles, prejudiquemos o outro ou eliminemos o direito do outro. Isso não é justo.

Eliminar toda distinção entre os sexos, sendo que há comprovações científicas de que os sexos feminino e masculino existem e são relevantes, não faz sentido algum. Só consigo pensar que há algum tipo de intenção para se criar discórdia, chamar atenção das pessoas que defendem pautas de direitos humanos para, no fim, ganhar popularidade e angariar votos futuros.

Porque, se ela realmente pensasse dessa forma, não se descreveria como “mãe e avó”, não é mesmo? É o famoso "faça o que eu digo, mas não o que eu faço".

Desconstruindo direitos adquiridos

Há termos masculinos criados nas regras de gramática, tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil (e muitos outros países), que acredito que seriam importantes terem suas versões femininas.Tirar o direito de se pronunciar avó, mãe, e tantas outras nomenclaturas que são uma realidade biológica é totalmente exclusivo. Por isso, penso que se Nancy Pelosi e James McGovern quisessem, de fato, ser inclusivos, teriam acrescentado nomenclaturas e não excluído.Por isso, fica a minha pergunta: Em nome da inclusão de alguns, vale excluir outros? Esse é o caminho?